SIMONE MACHADO
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO, SP (FOLHAPRESS) – Com supermercados fechados há sete dias, desde a decretação de um lockdown na cidade, moradores de São José do Rio Preto (a 437 km de São Paulo) enfrentam uma verdadeira maratona em busca de alimentos.


O setor ficou sobrecarregado depois que os mercados passaram a operar apenas por delivery e drive-thru o sistema, obrigando a população a recorrer à vizinha Mirassol, a 15 km, para garantir os itens básicos.


Algumas cidades do interior paulista implantaram lockdown ou outras medidas mais severas para conter o contágio pelo novo coronavírus, como o toque de recolher adotado em Campinas. O interior do país vive colapso em sua rede de saúde, e a população tem pressionado para solucionar os problemas.


Em Rio Preto, quem tenta comprar por delivery precisa esperar pelo menos dois dias para que a entrega seja realizada em casa. Mesmo tempo de espera para aqueles que optam pelo sistema de retirada no drive-thru.


A justificativa do setor supermercadista é que os estabelecimentos não estavam preparados para enfrentar o lockdown e a alta demanda de entregas. Com as novas restrições, mesmo os setores considerados essenciais só podem operar com um terço dos funcionários.

Na terça-feira filas de carros se formavam em frente aos supermercados que trabalham com o sistema drive-thru. Apesar de as empresas operarem com retirada em horário agendado a espera era de duas a quatro horas. Além do longo tempo, a população também enfrentou escassez de produtos como frutas, verduras e perecíveis.


A cabelereira Maria Carolina Calabria, 36, estava havia duas horas na fila, dentro do carro, e não sabia se conseguiria levar para casa todos os alimentos da sua lista de compras. Apesar de ter feito o pedido pela internet e agendado horário para a retirada parte dos itens comprados não seriam entregues.

“Eles avisaram agora que não tem verduras, queijo, macarrão, algumas frutas e iogurte. Ainda vou ter que procurar outro lugar para conseguir comprar tudo o que preciso ou ficar mais uns dias sem essas coisas”, diz.

Situação semelhante foi vivida pela publicitária Anne Carolina Dias. Depois de quase três horas aguardando na fila do drive-thru, ela foi informada que sua compra havia sido cancelada por falta de produtos. Dos 15 itens que ela havia pedido pela internet, no período da manhã, apenas dois ainda estavam disponíveis. A saída foi viajar até a cidade vizinha para fazer a compra da semana.

“Foram mais de quatro horas rodando até conseguir alguns alimentos. Minha compra estava agendada para ser retirada às 14h e só às 16h fui informada que diversos produtos haviam acabado no estoque. Tive que vir até Mirassol e enfrentar filas para conseguir entrar no supermercado. Um caos”, relata.

Quem pegou a rodovia para ir até Mirassol enfrentou também tumulto nos supermercados. Autorizando a entrada de apenas uma pessoa por família e limitando o número de clientes dentro do estabelecimento, um dos supermercados mais conhecidos da cidade tinha tempo de espera de, em média, 40 minutos.


“Minha dispensa tinha alimentos apenas para uma semana, com o lockdown e os supermercados fechados tive que vir a Mirassol tentar comprar alguns itens. Aí você chega aqui e está essa aglomeração, supermercados todos lotados, e você perde uma tarde toda para conseguir comprar comida”, relata Maria Inês Camolesi, manicure.

Os empresários de Mirassol não contavam com a alta do movimento. A procura por alimentos nesta semana já é comparada ao volume de vendas realizado no período entre o Natal e Ano Novo, considerado um dos melhores para o setor.

Com 1.337 mortes, 53.992 casos confirmados e ocupação em leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) exclusivos para Covid-19 perto do limite, a cidade de São José do Rio Preto entrou em lockdown no último dia 17.

A medida vale até o dia 31 de março, quando uma nova avaliação será feita pelo prefeito Edinho Araújo (MDB).
Além de São José do Rio Preto outras 11 cidades da região aderiram ao lockdown, sendo Mirassol uma das poucas que se mantiveram serviços comerciais em funcionamento.

Uma rede de três supermercados em São José do Rio Preto optou por suspender as atividades até o dia 31, data em que termina o lockdown na cidade. A justificativa é a falta de funcionários para atender a demanda de entregas, que aumentou 300% na última semana.

Outros estabelecimentos já manifestaram interesse em paralisar os atendimentos.

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