ALFREDO HENRIQUE
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Protetores da causa animal resgataram 33 cães e 10 gatos de uma casa, usada clandestinamente como “fábrica de filhotes”, segundo a polícia, por volta do meio-dia deste sábado (24), na Vila Éster, região do Jaçanã (zona norte da capital paulista). Um cachorro e um felino morreram, logo após o salvamento.


Todos os animais, a maioria filhotes, eram mantidos sem água nem alimentos, em meio à sujeira na residência de uma dona de casa de 44 anos, presa em flagrante por maus-tratos. Em audiência de custódia, neste domingo (25), ela recebeu liberdade provisória, segundo o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo).


O Agora ligou para o celular da suspeita. Uma jovem, que se identificou como filha dela, afirmou que a mulher não estava em casa, por volta das 14h. A defesa da dona de casa também não havia sido localizada até a publicação desta reportagem.
Em depoimento à polícia, a dona de casa afirmou pegar os animais na rua “para fins de adoção”, porém admitindo já ter vendido “vários cachorros”. Todos os animais mantidos na casa da suspeita são sem raça definida.


A mulher acrescentou, ainda em seu interrogatório, levar os bichos para uma feira, que ocorre clandestinamente às margens da avenida Jacu-Pêssego, na zona leste, onde os trocava por ração ou os vendia por R$ 70. Ela argumentou negociar os filhotes pelo fato de estar desempregada.


Cerca de 24 horas antes do flagrante, a protetora independente Débora Meira de Souza, 28 anos, recebeu uma denúncia anônima afirmando que cães e gatos eram mantidos em condições degradantes em uma casa na zona norte.
“Foi informado sobre todo o sofrimento deles, como ficar sob a chuva ou sol forte, em um porão, sem água ou comida, em um estado deplorável”, explicou.


Além disso, a denúncia indicou que fêmeas no cio eram soltas na rua, onde acabavam sendo fecundadas e, após parir, seus filhotes eram levados para feiras clandestinas, onde eram vendidos como cães de raça.


“Com a denúncia, nos mobilizamos chamando a polícia e um GCM [Guarda Civil Metropolitano] que nos apoia nessas ações de resgate”, explicou a protetora.


Por volta do meio-dia deste sábado, quando um carro em frente à casa da suspeita estava estacionado, supostamente para levar filhotes para a feira clandestina, o GCM que apoia o grupo, além de policiais militares, abordaram a dona de casa.


A princípio, segundo a PM, ela teria negado vender os animais. Porém, após policiais constatarem a quantidade de filhotes na casa, a mulher acabou admitindo a comercialização dos bichos, que não foram vacinados nem vermifugados, ainda de acordo com a suspeita.


Segundo imagens feitas com celular, os cachorros eram mantidos em cercadinhos, aglomerados, sem água ou alimentos. Um filhote, mostram as imagens, não consegue se movimentar, por estar muito fraco. Um gato, inclusive, era mantido preso dentro de uma gaiola de aves.


O veterinário Vithor David Serrelli acompanhou todo o resgate dos cães e gatos, que também viviam em meio a fezes e urina. Ele explicou que um filhotinho de cachorro e um gato morreram após o resgate. “O cão estava muito debilitado, por conta de uma parvovirose, e não resistiu. Já o gato precisamos sacrificar, pois estava mal e com uma doença transmissível a humanos”, explicou.


Os demais animais, acrescentou, estão estáveis e já foram medicados. “O quadro geral deles é de desnutrição e desidratação. Nenhum está com anemia. Parece que não davam comida para eles. Mas nossa expectativa é boa, acredito que quase todos estarão disponíveis para adoção já a partir desta segunda-feira [26]”, afirmou.


Serrelli destacou algumas características do ambiente em que os animais eram mantidos. São elas: local com fezes e urina, sem limpeza ou higiene dos animais, pouco espaço para uma grande quantidade de bichos, permanência de animais doentes junto com saudáveis, além da falta de água e alimento já mencionada.


Os protetores precisam de ajuda com lares temporários, ração e dinheiro para dar continuidade ao tratamento dos animais resgatados. Quem quiser ajudar pode mandar mensagem para o email [email protected] ou ainda pelo Instagram @debs.meira01.

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