VICTORIA DAMASCENO SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), recebeu a primeira dose da vacina contra a Covid-19 nesta sexta-feira (7). Como esperado, o imunizante aplicado foi a Coronavac, fabricada pelo Instituto Butantan, ligado ao governo paulista. “Todas as vacinas são boas, mas eu tomei aqui a Coronavac”, disse o governador.
A responsável por fazer a aplicação foi a enfermeira Mônica Calazans, a primeira brasileira a ser vacinada contra a Covid-19, no dia 17 de janeiro de 2021, em evento capitaneado por Doria. Por ter 63 anos de idade, o governador podia receber o imunizante desde o dia 29 de abril. Nesta quinta-feira (6), pessoas com 60, 61 e 62 anos começaram a ser vacinadas.
Doria chegou ao Centro de Saúde de Pinheiros, na rua Ferreira Araújo, no bairro de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, por volta das 16h. “A vacina da vida, a vacina da fome”, disse ao doar uma cesta básica para a campanha “Vacina contra a fome”. A primeira-dama Bia Doria, 60, também estava presente e foi vacinada. A expectativa do governador é imunizar toda a população paulista até o final do ano com as remessas enviadas pelo Ministério da Saúde.
Em entrevista coletiva de imprensa, Doria teceu novas críticas à postura contrária do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em relação à compra da Coronavac e aos comentários negativos sobre a China, fornecedora do IFA (ingrediente farmacêutico ativo), matéria prima para a produção da vacina no Brasil. Em um novo ataque à China, Jair Bolsonaro sugeriu na quarta (5) que o país asiático teria se beneficiado economicamente da pandemia e afirmou que a Covid pode ter sido criada em laboratório –ecoando tese que não encontra respaldo em investigação da OMS sobre as possíveis origens do vírus.
Em evento para liberação de lote de cerca de 1 milhão de doses da Coronavac na quinta, Doria tinha dito que as afirmações geraram mal-estar na diplomacia chinesa. a direção do Instituto Butantan afirmou no mesmo dia que as declarações afetam a liberação de insumos pelas autoridades daquele país.
Doria destacou também a postura negacionista do presidente, que aos 66 anos ainda não se vacinou. “Briguei durante meses com o governo federal que não queria comprar essa vacina. O presidente da República disse que não ia comprar e ponto, em alto e bom som. Hoje é a vacina que mais salva vidas. Se não fosse o negacionismo e um esforço contra a vacina, Paulo Gustavo e outras pessoas do Brasil poderiam ter sido salvas. O governo federal fez a opção pela cloroquina.”
A Coronavac corresponde a 7 em cada 10 vacinas contra a Covid-19 aplicadas no Brasil. Em relação à falta da segunda doses em diversos municípios de São Paulo, Regiane de Paula, responsável pelo planejamento do Plano Estadual de Imunização, disse que a logística do governo estadual garantia a segunda dose. “Se em algum município do estado de São Paulo falta D2 [segunda dose] é porque naquele município por algum motivo foi utilizada a dose dois como a primeira dose. Mas isso não foi preconizado pelo programa estadual de vacinação”, disse.