Carine Corrêa
Um grupo de pelo menos 25 haitianos está morando em Rio Claro a trabalho.
A reportagem do JC conversou com os imigrantes e, para eles, a principal diferença entre o Brasil e seu país de origem está nos hábitos culturais.
Aqui tem bastante samba. Sempre ouvimos falar do carnaval, mas só depois percebemos o quanto está impregnado no país, disse um dos haitianos, o jovem de 21 anos, Junior Etienne.
Apesar de ter origem haitiana, a família do jovem Etienne está nos Estados Unidos.
A história de Junior no Brasil já tem pelo menos dez meses. Há cerca de cinco ele veio junto com outros amigos do Haiti para o Mato Grosso. Depois de ter trabalhado no estado matogrossense, morou por dois meses em São Paulo e em Rio Claro está há quase 60 dias.
No Haiti, ele diz que a quantidade de brasileiros é similar à quantidade de haitianos no Brasil.
Tem bastante brasileiro no Haiti, principalmente por conta do Exército, disse em uma mistura de português com francês.
Sobre a língua no país, Junior, o menos tímido do grupo, diz que na escola eles aprendem francês, espanhol e inglês.
O francês é uma das duas línguas oficiais, mas é falado só por cerca de 10% da população. Quase todos os haitianos falam krèyol (crioulo), a outra língua oficial do país.
No que diz respeito à música, Junior diz que cantores como Gusttavo Lima estão consolidados na massa haitiana. O funk é outro ritmo brasileiro que faz sucesso no país.
Lá temos a compas, uma estilo popular no Haiti, contou.
Em Rio Claro, alguns dos haitianos trabalham em uma indústria de componentes elétricos e eletrônicos. Outros estão trabalhando como vigias de estacionamento. Junior Etienne trabalha atualmente como operador de montagem dessa indústria.
Acho Rio Claro um pouco melhor em termos de estrutura, opinou.
A gastronomia brasileira, segundo ele, não passa muito longe da haitiana.
No Haiti, comemos bastante feijão, banana e mandioca, assim como no Brasil, finalizou.
Números
De acordo com dados do Ministério da Justiça, o número de haitianos no Brasil triplicou no ano passado e é superior a 21 mil.
Somente em 2013, mais de 13 mil haitianos conseguiram garantir o visto de permanência no país.
Para o Ministério da Justiça, o que se destaca nesse recente fluxo migratório não é o número de haitianos que entraram no Brasil, mas sim a diversificação dos migrantes.
O levantamento do Ministério da Justiça demonstra que a principal porta de entrada dos haitianos para o Brasil continua sendo a das arriscadas rotas pela amazônia peruana, utilizadas por eles para chegar a Brasiléia, uma cidade do Acre.