O filme é bem feito, bem montado. É obra de cunho hagiográfico. Em nenhum momento busca tensionar ou desmistificar o personagem. Os depoimentos apontam sempre na mesma direção. Ao centro em que realiza operações espirituais e físicas – com instrumentos tão rudimentares como facas de cozinha para operar os olhos de seus pacientes -, ele agrega outras casas de atendimento. Fornece refeições para quem tem fome, atende crianças carentes com material escolar e faz doação de enxovais a bebês.
Um tema é tabu – a operação financeira, a origem dos recursos que permite manter essa corrente do bem. E também, mesmo quando João relata como tudo começou, o filme não traz respostas para o mistério. O que faz com que certas pessoas sejam iluminadas, possuam o dom? Os depoimentos – gente de todo o mundo – dão conta de que a Casa João de Deus é um centro de acolhimento no mundo conturbado. Atende o espírito e o físico de quem precisa de ajuda. Até Marina Abramovic vai ajudar o médium, numa de suas operações. Cissa Guimarães faz a narração, dizendo que João de Deus não discrimina sexo, cor nem religião e busca conectar todos com o grande arquiteto do universo – Deus?
Gilberto Gil canta na trilha Se eu Quiser Falar com Deus, e João, humildemente, se coloca como instrumento. Ele nada faz. Quem faz é Deus. Um letreiro informa. Para quem acredita, palavras não são necessárias. Para quem não acredita, elas serão insuficientes. Bonito como é, João de Deus – O Silêncio É Uma Prece atinge os já convertidos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.