Um vigilante afirma ter sido atacado por uma onça-parda, na madrugada da última terça-feira, 23, na região conhecida como Cerrado da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em São Carlos, interior de São Paulo. O homem, de 38 anos, sofreu ferimentos e foi levado à Santa Casa da cidade. Ele recebeu atendimento e já teve alta. A UFSCar confirmou o ataque “provavelmente de onça-parda ou outro animal” e cancelou todas as visitas ao Cerrado que já estavam agendadas para fins de educação ambiental. Funcionários e alunos foram orientados a evitarem o local, principalmente no período noturno.
De acordo com a UFSCar, o ataque aconteceu próximo à portaria do Instituto Federal de São Paulo (IFSP). O vigilante terceirizado contou que estava sentado em uma cadeira quando o felino saltou sobre ele. O homem pediu socorro a colegas que estavam em outras áreas do campus. A Universidade acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o socorro. A vítima foi ferida nas pernas e região da virilha, mas não precisou de cirurgia.
Conforme a assessoria da UFSCar, a natureza do ataque será investigada pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap), órgão responsável por avaliar casos como esses. “A UFSCar está colaborando para que tudo seja devidamente esclarecido, e dando todo suporte ao acidentado – que já recebeu alta da Santa Casa de São Carlos – e à sua família”, disse em nota.
A veterinária Cristina Hamuri Adania, coordenadora da Associação Mata Ciliar, de Jundiaí, que atua na reabilitação de animais silvestres, considera o ataque ao vigilante por uma onça-parda um fato raríssimo, se for confirmado.
“Acredito que é preciso investigar e, para isso, o Cenap é realmente o órgão indicado. Os casos de onças que recebemos no Mata Ciliar nos últimos 30 anos envolvem animais que são vítimas do homem e não o contrário.”
Segundo ela, as onças-pardas ou suçuaranas são menos agressivas que outras onças e geralmente fogem da presença humana, por isso ela estranha o fato narrado pelo porteiro. “Esse animal só atacaria uma pessoa em duas ocasiões: quando uma fêmea está com filhote e sente ameaça à prole, e quando está com a presa e a pessoa se aproxima. Houve um caso assim no Paraná.” Cristina considera provável a presença de onças-pardas na região onde aconteceu o ataque. “Esse animal pode ter sofrido com a degradação do seu habitat e ficado sem suporte na alimentação, aproximando-se da área urbana. Isso, sim, é comum.”