Jaime Leitão
Estamos no Verão? Não. Ainda é Inverno. Perdemos o referencial das estações. A temperatura hoje ultrapassou os 35 graus. Há três semanas o termômetro chegou a marcar 3 graus. Cheguei a dormir com dois cobertores e manta. O tempo enlouqueceu ou enlouquecemos nós?
Muitos amigos meus reclamam do calor, têm aparelho de ar condicionado, mas não estão ligando para não pagar uma fortuna na conta de energia elétrica e também para ventilar a casa e evitar ser contaminados pelo vírus mortal, caso chegue alguém para fazer um serviço estando contaminado, e mesmo com máscara podendo transmitir a Covid. Neurose ou realidade?
Alta temperatura também na política. Primeiro, no Sete de Setembro, Bolsonaro ataca ministro do STF, e depois pede ajuda do ex-presidente Temer para escrever uma carta à nação, que por sua vez transformou um jantar com empresários em piadas e memes, tirando uma do presidente. Com direito a imitações e outras brincadeiras. Neste país, tudo está virando meme.
E a inflação mantém o seu percurso rumo às alturas. Os políticos brincam como se tudo estivesse maravilhoso.
Se o genial Stanislau Pontepreta estivesse vivo, perguntaria: – estou em que país, em que planeta? O Brasil continua sendo essa loucura. Nunca imaginei que depois de eu ter ido embora o festival de besteiras que assolava este país fosse continuar dessa forma, ainda mais acelerada.
As altas temperaturas deverão continuar. Presidente soltando as suas frases beligerantes. A oposição fingindo que está criando uma terceira via competitiva para a eleição de 2022. Competição interna. Todos querem ser terceira via. Há algo de muito estranho no ar.
Há muito a temer. Inclusive essa postura do Temer de querer ser protagonista de novo. Ele quer o poder? Como será esse poder de Temer?
Estamos patinando no lodo, na lama, enquanto isso a fome aumenta de tamanho. Como será o próximo capítulo dessa novela grotesca que acompanhamos diariamente pela TV e as redes sociais? Muita emoção nos espera. Só que está cada vez mais difícil rir desse espetáculo deprimente. Vamos em frente. Em frente? Não sei não.