Aos 61 anos, ela recupera e renova brinquedos para doação

Marilene Santana dos Santos, de 61 anos, passou a infância toda quase sem bonecas. Na sua família, na época, presente era coisa rara. Foi só depois de adulta que começou a ter várias.

Segundo ela, nunca houve tempo para brincar muito. Na Bahia, onde cresceu, com 11 anos, já cuidava de seis sobrinhos. A primeira boneca que teve foi encontrada no lixo.

“Quando eu era criança, me lembro que tinha uma família rica que jogava muita coisa no lixo. Numa tarde, voltava da escola e vi uma cabeça de uma boneca. Peguei, levei para casa e guardei esperando que eles jogassem o resto do corpinho fora para eu pegar também. Depois, encontrei as pernas, os braços, e tudo. Minha mãe fez um corpinho de pano e virou o meu brinquedo”, comentou.

Costureira há 50 anos, ela contou ao JC que aprendeu o ofício com a mãe. E, há três anos, teve a ideia de reformar as bonecas e outros brinquedos velhos, que chegam muitas vezes do lixo, para doar às crianças carentes.

Sua rotina de consertos é sempre na parte da manhã. Em sua casa no vilarejo onde mora, em frente à antiga Estação de Cordeirópolis, dona Marilene criou dois quartinhos com  máquina de costura, tecidos, linhas coloridas e vários materiais para customização das peças – o que carinhosamente chama de ateliê.

No local, onde a magia acontece, há vários tipos de bonecas esperando para ficarem novinhas em folha. Tem algumas rabiscadas com canetas. Outras, sem braços, pernas, sem roupinhos e até mesmo sem olhos e cabelos.Tudo é restaurado com muito carinho pelas mãos carinhosas da costureira.

Além de bonecas, ela também restaura brinquedos de todo tipo. O trabalho é tão perfeito que as peças ficam como novas. Os custos do material utilizado nos consertos são todos dela, mas Marilene diz que também recebe alguma colaboração de conhecidos.

Os brinquedos são doados para crianças da cidade. No entanto, dona Marilene decidiu ampliar o projeto para levar aos moradores do município onde nasceu, no nordeste da Bahia e, para alcançar esse objetivo, ela fez um apelo à comunidade.

“Estou precisando de velcro branco e preto, rendas para fazer os vestidinhos, elásticos e brinquedos usados para meninos – para que eles não se sintam excluídos”, avisa a costureira. Quem quiser ajudá-la pode fazer contato pelo (19)  98839-4337.

Carla Hummel: