Vivian Guilherme
A última vez que estive na casa do senhor Renato Sachs foi em 2008. Sete anos depois, muita coisa mudou na vida do santa-gertrudense, que agora soma 87 anos. “Mas dizem que chego nos 90”, adverte o senhor Sachs, que confessa não ter mais a mesma memória de antigamente, mas que garante manter a saúde controlada. “Não fumo, não bebo e nunca vou dormir depois das 21 horas.”
Em 2008, o JR contou sobre a paixão de Sachs pelos quebra-cabeças, os jogos, relógios e passeios de bicicleta. Desses, ele conta que somente os quebra-cabeças continuam fazendo parte de sua rotina. “Muita coisa eu esqueço, dei uma parada com tudo”, conta o relojoeiro aposentado que, à medida que vai conversando, coloca a mão no bolso e tira quatro quebra-cabeças.
A filha Elaine conta que ele não tira esses do bolso e, até mesmo quando vai ao banco, deixa para os guardas tentarem resolver os enigmas. Sachs faz questão que eu resolva o problema dos pregos, tento por diversas vezes sem sucesso, até que ele pacientemente resolve este e outro quebra-cabeças de pregos.
Sobre os relógios, Sachs conta que parou de trabalhar. “As peças são muito caras e os relógios de contrabando hoje custam muito barato, ninguém quer consertar os antigos”, comenta o relojoeiro que desenvolveu o primeiro relógio que ‘virava ao contrário’ de Santa Gertrudes. Ele também foi responsável pela criação de alguns modelos, digamos, curiosos, como: relógio em CD usado, calota de carro, tampa de vaso sanitário, prato de alumínio, até mesmo em aro de ventilador (para ser possível ver as horas enquanto o ventilador funciona).
Entre tantas inovações há uma da qual Renato se orgulha: o relógio anti-horário. A procura pelo primeiro exemplar foi tanta, que ele precisou até escrever seu nome para que ninguém pegasse.
Senhor Sachs se despede da reportagem, mas sem antes acrescentar: “se você tiver algum quebra-cabeças em casa que não souber resolver, traz pra mim, que eu tento resolver para você, viu?”.
RELÓGIO ANTI-HORÁRIO
“Eu consertei um relógio, mas os ponteiros iam um pouquinho pra trás, eu disse, ‘se quer ir pra trás, agora vai mesmo’”. E este foi apenas o início para o primeiro relógio anti-horário de Santa.