FERNANDA BRIGATTI – SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma das entidades que convocou a greve dos caminhoneiros para a última segunda-feira (1º) decidiu se retirar da mobilização.
Segundo o presidente da ANTB ( (Associação Nacional de Transporte do Brasil), José Roberto Stringasci, a decisão foi tomada diante do que ele considerou uma forte pressão do governo para que a mobilização não crescesse.
“Agora vamos nos reagrupar, reorganizar, para só então decidir. Vamos definir uma nova data e nova estratégia”, disse.
O CNTRC (Conselho Nacional do Transporte de Cargas) e a CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística), entidade ligada à CUT (Central Única dos Trabalhadores), foram procurados nesta terça-feira (2), mas ainda não responderam.
Inicialmente, eles previam que a mobilização seria mantida por tempo indeterminado, até que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) aceitasse discutir a pauta de reivindicações da categoria.
Para Stringasci, da ANTB, a percepção de que o movimento tinha viés político-partidário enfraqueceu a mobilização. “Não tinha bandeira de partido, não era contra o presidente Jair Bolsonaro. Mesmo assim, o governo mandou um aparato de guerra”, afirmou.
As Justiças de São Paulo, do Rio de Janeiro e do Paraná proibiram o bloqueio de vias em seus respectivos estados.
As entidades que aderiram à greve pediram que os motoristas não deixassem suas casas na segunda-feira. Para quem estava na estrada, a recomendação era para que não deixassem os postos de descanso e tentassem mobilizar outras pessoas.
O presidente da ANTB diz acreditar ter havido boa adesão à greve no início da manhã. Pressionados, os motoristas acabaram voltando para a estrada.
Apesar da convocação por três entidades de caminhoneiros, o movimento grevista não decolou. As insatisfações com o preço mínimo do frete e o alto preço do óleo diesel não foram suficientes para mobilizar os motoristas.
A oposição ao movimento não partiu apenas do governo. Entidades como a CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos), Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros) e Abrava (Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores) não participaram da greve.
As duas últimas estiveram entre as que organizaram a paralisação de 2018, que praticamente parou o país por 11 dias e deu origem à tabela mínima de preços do frete.
Grupos patronais, como a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística e a CNT (Confederação Nacional do Transporte). também divulgaram notas contrárias à paralisação.
O agronegócio, apoio importante à greve em 2018, considerou irresponsável uma paralisação neste momento, quando terá início o escoamento das safras de milho e soja.