Carine Corrêa
“Bandido bom é bandido morto?” Esta foi a pergunta realizada pela pesquisa Datafolha encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ONG que reúne especialistas do setor de violência urbana de todo o país. A pesquisa repercutiu pelo resultado: metade dos brasileiros concorda com a afirmação. O Jornal Cidade trouxe a discussão para Rio Claro e, para isso, ouviu diferentes opiniões. Confira a seguir:
“A polícia lida com a criminalidade nos seus efeitos, mas praticamente não tem ação sobre as causas que levam ao crime. O policial, portanto, deve agir estritamente dentro da lei, nos limites do poder que o Estado lhe conferiu, não podendo querer resolver sozinho o problema do mundo e compactuar com colocações como essa. O uso de força letal por parte dos agentes da lei só é aceitável dentro do contexto da legítima defesa. Admitirmos qualquer coisa fora disso seria um retrocesso na marcha civilizatória da humanidade e uma volta aos tempos da barbárie” – major Rodrigo Arena, coordenador operacional da Polícia Militar de Rio Claro e região.
“A população está ficando revoltada com a impunidade e isso não vai terminar bem. Ninguém tem pensado na falta de educação e nos serviços públicos que não funcionam, que acabam levando à criminalidade. Deveriam pensar em como promover ações de inclusão e prevenção. Pela nossa experiência, temos tido sucesso na recuperação dos adolescentes. Claro que temos casos de insucesso, mas a maioria em Rio Claro tem se recuperado” – Luiz Jardim, que atua na gerência da União de Amigos do Menor (Udam), cogestora da Fundação Casa.
“A frase Bandido bom é bandido morto era um jargão muito utilizado por um integrante do Esquadrão da Morte do Rio de Janeiro na década de 70. Esse Esquadrão tinha relações com a criminalidade, embora utilizasse uma “fachada” de luta por ordem e segurança social. Quando qualquer pessoa comete crime no Brasil, ela deve passar pelo sistema de justiça, visto que estamos em um Estado Democrático de Direito. Exigir que se matem os bandidos amplia a violência. Sendo bandido ou não, no Brasil não há pena de morte, assim punir alguém com a morte faz de quem o pune um transgressor da lei ou, em outras palavras: quem mata no Brasil, seja por quaisquer motivos, é também um criminoso. O desejo por vingança pessoal é mais uma marca da nossa sociabilidade violenta, infelizmente” – socióloga Camila Vedovello.
Vale ressaltar a fala do deputado Jair Bolsonaro, quando questionado sobre um relatório da Anistia Internacional: “Eu acho que essa Polícia Militar do Brasil tinha que matar é mais”.