Bebê vai para UTI após parto domiciliar

Da Redação

Um bebê permanece internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) depois de ter complicações em um parto natural domiciliar no último sábado (6).

O médico Daniel Buttros – coordenador da maternidade do Sistema Único de Saúde (SUS) de Rio Claro – argumenta que, embora nenhum parto esteja inerente aos riscos, o Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren) estipula alguns pré-requisitos para que ocorram partos domiciliares. “Dois dos itens estipulados pelo órgão não foram cumpridos. Um deles é comunicar a maternidade do SUS do município sobre o procedimento e o outro é comunicar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) sobre o parto domiciliar, o que não aconteceu”, explica Buttros. “A equipe do SAMU foi contatada cinco minutos após o nascimento do bebê”, disse.

Para o médico, o domicílio não oferece segurança e estrutura hospitalar, o que pode apresentar um risco ainda maior em casos de complicação no parto. Segundo ele, a família do bebê não registrou boletim de ocorrência e está segura em relação à escolha do procedimento domiciliar. “A maternidade deu todo o apoio e está acompanhando o caso. Foi dado todo um suporte humano e caloroso à família. A mãe foi liberada, mas a criança segue em cuidados especiais sem previsão de alta”, frisa.

Coren

Segundo o parecer do Coren em relação ao parto domiciliar, no país, o parto natural tem sido incentivado pelo Ministério da Saúde por meio da criação do “Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento” e das Casas de Parto. O documento explicita que a realização de parto domiciliar por enfermeiro obstetra poderá ser realizado “mediante decisão materna e em comum acordo com o médico obstetra da mulher”. O parecer ainda detalha a “necessidade de acompanhamento pré-natal rigoroso, além da garantia de atendimento materno e neonatal por outros profissionais, em instituições de referência, por meio da realização do transporte dos mesmos por meios adequados e seguros, caso haja intercorrências”.

Cremesp

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, por sua vez, não estimula o parto natural ou o parto humanizado. Um parecer publicado pelo órgão diz que “a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e a Sociedade Brasileira de Pediatria recomendam que o atendimento ao parto ocorra em ambiente hospitalar, visando a prevenir intercorrências possíveis de ocorrer durante o trabalho de parto, podendo ser prontamente atendidos”. O documento ainda detalha que “o risco de realizar o parto em atendimento domiciliar é de quem assume fazê-lo, com todas as implicações civis e criminais. Deve haver referência hospitalar previamente estabelecida para eventuais intercorrências”.

Luta pela humanização

Segundo a Fundação Municipal de Saúde de Rio Claro, a Atenção Básica realiza orientações em grupos e/ou individualmente às gestantes visando entre algumas recomendações ao incentivo ao parto normal. Diversas atividades foram desenvolvidas neste ano no município, dentro da programação da Semana do Respeito ao Nascimento. O alto índice de cesáreas foi um dos temas discutidos.

Redação JC: