Controverso político marcou histórica republicana de Rio Claro nos Séculos 19 e 20. Obra é de autoria do artista plástico ítalo-brasileiro Vilmo Rosada
Quem passa pelo Jardim Público, pelo trecho da Avenida 3, certamente já reparou num imponente monumento que está instalado ao centro elevado da praça. Trata-se do busto do médico e fazendeiro Alfredo Ellis (1850-1925), que foi citado dezenas de anos atrás como o dono da maior fazenda de café das Américas. Obra é de autoria do artista plástico ítalo-brasileiro Vilmo Rosada, que chegou em Rio Claro em 1934, aos 29 anos de idade, onde fez carreira e é considerado um dos filhos ilustres do município.
Segundo o jornalista e historiador José Roberto Santana, Ellis foi homenageado por diversas vezes pela Bolsa de Londres, membro de primeira geração da elite republicana, orador político, comandante de levante armado e anglo-brasileiro. Natural de São Paulo e representante do distrito eleitoral de Rio Claro no Senado Federal de 1902 a 1925, ano em que morreu há 99 anos, ganhou há exatos 70 anos – completados neste 1º de maio – o busto em sua homenagem implantada em 1954, concedida pela Câmara Municipal daquela época.
Antes mesmo da Abolição da Escravatura, ele foi apontado como líder abolicionista e alforriou seus funcionários escravizados antes da Abolição, no Natal de 1887, e mobilizou os fazendeiros locais para que fizessem o mesmo no dia 5 de fevereiro de 1888. “Nem todos o acompanharam na iniciativa que ficou conhecida como Abolição Municipal, mais lendária do que com efeitos práticos para a população escrava”, comenta Santana.
Em outros relatos históricos, há uma versão de que a iniciativa abolicionista inédita ocorreu diante da pressão nacional, já que a abolição nacional era inevitável. Com registros de rebeliões das pessoas escravizadas em Rio Claro e região, tomou a frente para libertá-las de forma pacífica. Todos foram substituídos pela mão de obra dos imigrantes italianos.
A vida de Alfredo Ellis se confunde com a própria formação da República Brasileira. “O circuito político de Alfredo Ellis o mostra como integrante da fina flor republicana que derrubou o Império. Ele foi presidente do Partido Republicano Paulista, partido que assumiu governo com o novo regime”, explica o jornalista.
Segundo Santana, sua memória também foi preservada por outro monumento, um obelisco, na Praça da Liberdade, ao lado da Árvore da República, em frente ao Fórum, onde esteve a Câmara Municipal. A homenagem marca um de seus feitos notáveis: o comando do levante armado de Rio Claro em 1891”, acrescenta. Trata-se de um conflito capitaneado por Ellis para depor o governador do Estado de São Paulo, Américo Brasiliense, à época, quando Deodoro da Fonseca, o primeiro presidente e militar, fechou o Congresso Nacional.