Lucas Calore
Mudar-se para o exterior e recomeçar a vida são atitudes radicais que muitos brasileiros têm levado em consideração nos últimos tempos. Em Rio Claro, a situação não é diferente. Somente no ano de 2016, em média a cada 20 dias um rio-clarense mudou de nação. A totalidade resulta de 18 pessoas que entregaram à Receita Federal a declaração de saída definitiva do país.
O documento é obrigatório e deve ser entregue até o último mês de abril do ano subsequente a sua saída. O dado é quase 40% maior que em 2015, quando 13 rio-clarenses foram para o exterior. Em 2014, nove cidadãos do município deixaram o Brasil.
Para o delegado da Receita Federal de Piracicaba, Luiz Antonio Arthuso, é muito difícil qualquer avaliação sobre as razões que levam as pessoas a deixarem o país. “Alguns vão para o exterior para trabalhar em sucursais das empresas em que já trabalham no Brasil, outros vão para estudar e ficar mais de 12 meses fora do país. De modo geral as pessoas que deixam o país e entregam a declaração de saída já têm trabalho ou bolsas de estudo no exterior”, detalha.
Uma questão, entretanto, pode fazer com que o número de rio-clarenses que foram embora em definitivo do Brasil seja maior. “Aqueles que se aventuram a procurar emprego em outro país normalmente saem como turistas e tentam ficar ilegalmente em outro país até regularizar a sua situação. Estes não entregam declaração de saída porque em tese não têm emprego certo”, revela. Há também casos esporádicos de aposentados que simplesmente optam por morar em outro país.
O auditor fiscal Arthuso também lembra que a crise econômica que o país tem enfrentado desde o ano de 2014 provoca a saída dos que se aventuram a procurar emprego em outro país. Dados da Receita Federal revelam que entre o ano em questão e 2016 cerca de 55 mil brasileiros mudaram para outros países. O número é 81% maior que no período de 2011 a 2013, quando a crise ainda não atingia a nação.