Café JC: Comandante da PM defende mudanças e avalia cidade

Antonio Archangelo

O tenente coronel Lideraldo, atual comandante do 37º Batalhão da Polícia Militar, é o entrevistado do Café JC

Em entrevista ao Café JC desta semana, o tenente coronel Lideraldo – atual comandante do 37º Batalhão da Polícia Militar, localizado em Rio Claro comentou sobre a necessidade de mudanças nas leis, no sistema prisional e nas ações do Poder Público para combater a criminalidade.

JC: Qual sua opinião sobre conflito entre um policial da ROTA e delegado da Polícia Civil registrado em Rio Claro este ano?

Lideraldo: O fato que aconteceu entre o policial da ROTA e um delegado da Polícia Civil foi um conflito entre duas pessoas e não de duas instituições. O processo não fica sob minha responsabilidade, já que o policial não era um dos meus comandados.

JC: Acredita que a unificação entre as polícias poderia auxiliar, assim como acontece nos Estados Unidos?

Lideraldo: Nos Estados Unidos, normalmente, as polícias são municipalizadas, com exceção das polícias que trabalham nas rodovias.

JC: Lá tem uma Polícia Civil e uma Polícia Militar?

Lideraldo: Não, não tem.

JC: O senhor acha que o Brasil tem condição, hoje, de unir a Polícia?

Lideraldo: Acho que não teria problema. Não seria este o problema. Como eu te disse, este fato que ocorreu foi entre duas pessoas e não duas instituições. A Polícia Civil e Militar trabalham harmoniosamente em Rio Claro, cada um correspondendo aos aspectos legais. Não existe problema. Nos respeitamos as pessoas dentro da legalidade. Tudo aquilo que for legal. Podemos até discutir ou discordar, mas iremos respeitar até o fim.

JC: Quando assumiu o Batalhão?

Lideraldo: No começo do ano, mas ainda estava como Major. Efetivamente assumi no dia 24 de maio, quando fui promovido.

JC: Então foi o primeiro impasse?

Lideraldo: Chegamos lá conversamos com o Dr. Francisco – o seccional. Mostramos a situação e que não havia motivo para todo aquele alarde, porque os fatos seriam apurados posteriormente. Temos os aspectos legais e quem se sentir aviltado de alguma forma tem o direito de questionar, mas o problema da segurança pública não é a união das duas polícias. Porque a função das duas polícias é bem distinta. Não será essa a solução. A solução envolve diversos fatores. É um debate longo. Procuramos dividir a Segurança Pública em três áreas: a primária, a secundária e a terciária. A primária envolve todas as ações que o Poder Público Municipal, Estadual e Federal devem desenvolver para dar suporte para qualquer cidadão. Por exemplo, como você irá falar de Segurança Pública se você vê teu filho pisando em esgoto, com a orelha comida por ratos? Fatos que já presenciei quando trabalhei na Zona Sul de São Paulo. Tudo isso vai aviltando o cidadão. Como falar em Segurança Pública em um local onde o Estado não pode estar presente? Falando mais próximo da nossa realidade, na Avenida da Saudade tem uma praça que era uma réplica da Mata Atlântica, sem luminosidade. Um ambiente que facilita a ação criminosa.

JC: Em Rio Claro, você possui um diagnóstico de tudo que precisar ser feito em relação a segurança primária?

Lideraldo: Quando verificamos um ponto em que o poder público pode resolver realizamos o RAIA, um relatório que encaminhamos a prefeitura. Por exemplo, estes dias falei com o pessoal da Habitação da Prefeitura que desenvolveram condomínios habitacionais fechados. Como iremos fazer o patrulhamento lá?

JC: Existe esta Cultura de consultar as autoridades de Segurança sobre ações que serão realizada na cidade?

Lideraldo: Não.

JC: O que precisa ser feito em relação a Segurança Pública?

Lideraldo: Precisamos hoje mudar a lei, o sistema prisional. Precisamos ter ação positiva do Estado em toda a comunidade com escolas, com atividades, com esperança. Nós não podemos dar para uma criança a esperança de que se ele virar um traficante ele irá se dar bem. Isso é o grande problema nosso hoje. Tenho a impressão que estamos enxugando a área com a torneira aberta.

Redação JC: