Ednéia Silva
O movimento popular conhecido como Outubro Rosa é comemorado em todo o mundo, inclusive em Rio Claro. Vários eventos são realizados com o objetivo de chamar a atenção para a importância da prevenção do câncer de mama. Para este ano, a novidade no município é a realização da primeira edição da Corrida Rio Claro Rosa, no dia 19 de outubro. Para falar sobre o evento e, também, sobre o câncer de mama, o JC entrevista o advogado Mozart Gramiscelli Ferreira, presidente do Rotary Club Rio Claro; Valéria Pasetto e Bete Magalhães Carneiro, presidente e 1ª vice-presidente da Rede Rio-clarense de Combate ao Câncer “Carmem Prudente”. A entrevista foi realizada pelas jornalistas Ednéia Silva e Fabíola Cunha.
JC – Como surgiu a ideia de realizar a Corrida Rio Claro Rosa?
Mozart – O Rotary tem história no combate ao câncer de mama. A entidade tinha um projeto em que médicos e profissionais de saúde percorriam bairros da periferia numa Kombi, fazendo exames de toque nas mulheres. Quando assumi a presidência, decidi aliar o esporte a uma causa nobre e o câncer de mama foi escolhido. A ideia é promover o engajamento da sociedade em prol da causa.
JC – Qual o objetivo do evento?
Mozart – Fomentar discussão sobre o câncer de mama. Aproveitar esse clima, essa atmosfera do Outubro Rosa, para informar mais pessoas de todas as classes sociais que o câncer não escolhe raça, credo, sexo e condição social.
JC – Qual a expectativa de público?
Mozart – Eram 800 vagas no início, depois subimos para mil. As inscrições esgotaram rapidamente e abrimos mais 100. São cerca de 550 caminhantes e kids e 450 corredores. Acredito que o número de corredores é menor porque no mesmo dia haverá provas em outros locais. Para o ano que vem, queremos sair na frente e ampliar o número de participantes. Esperamos que o projeto se estenda por muitos anos. Metade da renda será revertida para a Rede do Câncer e a outra metade será investida nos projetos sociais do Rotary Club Rio Claro.
Valéria – O câncer de mama é o segundo que mais mata no mundo e no caso da mulher, é o primeiro.
Bete – Por isso, é importante o trabalho de prevenção. Além do reduzir o custo do tratamento, há maior prognóstico de cura.
Valéria – É importante que a mulher entenda que não precisa ter medo do diagnóstico. Hoje, o índice de cura é de 95% quando a detecção é feita precocemente.
JC – O câncer de mama é maioria entre os casos atendidos na Rede?
Bete – O câncer bucal tem aumentado muito, assim como o de próstata, mas o câncer de mama, ainda, é maioria entre os casos atendidos pela entidade.
Valéria – Temos, também, registro de homens com câncer de mama. São raros, o número de casos é pequeno, mas existe e, também, demanda atenção. Para o homem, a detecção do nódulo é mais fácil e pode ser feito por meio do toque. Já a mulher, por causa da massa da mama, é necessária a imagem.
JC – Como a rede auxilia esses pacientes?
Valéria – A porta de entrada é a farmácia onde eles chegam em busca de medicamentos. Existe um grupo de voluntários que recebe e acolhe o doente e verifica quais são as necessidades, ajudando nos encaminhamentos necessários.
JC – Vocês falam da importância da prevenção, mas como conciliar isso com um sistema público de saúde deficiente?
Valéria – Em alguns casos urgentes, a rede paga exames necessários para cirurgias. Se há demora no atendimento na rede pública, a entidade procura intervir para acelerar o processo. O que percebo é que a demora maior acontece para realizar a primeira mamografia. A partir dela, o agendamento é anual.
JC – Como está Rio Claro na questão de atendimento a pacientes com câncer?
Mozart – A Santa Casa poderia atender muito mais casos do que atende hoje no ambulatório oncológico. Muitos pacientes são enviados para outras cidades sem saber que existe tratamento no município.
Bete – O que falta é estrutura para realizar cirurgias de grande porte. Neste caso, os pacientes têm que ser encaminhados para outros localidades.
Valéria – Rio Claro avançou e algumas especialidades são atendidas na cidade, mas é preciso ampliar o serviço para aumentar a abrangência. É uma questão de força política.