A Câmara Municipal de Rio Claro repercutiu nessa segunda-feira (24) o projeto de lei do Governo de São Paulo, revelado pelo Jornal Cidade no domingo (23), que pretende colocar à venda uma área de 45 mil metros quadrados em que funciona a Escola Municipal “Laura Penna Joly”, o Centro Rural e outros setores no Distrito de Ajapi. Apesar de a escola ser de responsabilidade da Prefeitura, o terreno onde ela está localizada é de propriedade do Estado e nunca foi repassado ao município.
Dois requerimentos pedindo solução ao problema foram aprovados na sessão ordinária, um da vereadora Carol Gomes (Cidadania) e outro de Maria do Carmo Guilherme (MDB). Gomes foi a primeira a citar o fato e criticou o projeto do governador João Doria (PSDB) que inclui quase 60 imóveis à venda em todo território paulista. “É um pacote de maldades, a gente pode perder uma escola”, disse.
Os vereadores Júlio Lopes (PP) e Val Demarchi (DEM) destacaram o problema e relembraram que no ano de 2014 o então deputado estadual Aldo Demarchi (DEM) havia apresentado na Assembleia Legislativa (Alesp) uma indicação solicitando ao Estado um projeto de lei autorizando a doação do terreno para Rio Claro. Tal propositura, no entanto, nunca foi enviada pelo Governo de São Paulo.
A vereadora Maria do Carmo disse que desde 2011 que tramita na Diretoria Regional de Assistência e Desenvolvimento Social (Drad) proposta para regularizar a área no tocante ao Centro Rural de Ajapi. Os vereadores Seron do Proerd (DEM), Geraldo Voluntário (MDB), Rafael Andreeta (PTB) e o presidente André Godoy (DEM) também destacaram o assunto e a necessidade de uma solução.
O projeto de Doria exclui a área onde está a Escola Municipal “Laura Penna Joly”. No entanto, não há nenhuma certidão de que se tenha doado toda a extensão do terreno para a Prefeitura de Rio Claro em algum momento décadas atrás, o que foi confirmado pela Secretaria Municipal da Educação.
Juninho
Após a publicação da reportagem do JC no domingo, o prefeito Juninho anunciou que se reúne com o Governo de São Paulo nesta terça-feira (25) para que ocorra tratativa na solução da questão
Centro Rural, que fica na área remetida ao projeto do Governo de SP, é tradição no Distrito de Ajapi
O ex-prefeito de Rio Claro, Lincoln Magalhães, responsável por alguns dos feitos no Distrito de Ajapi, lamentou o projeto que pode acabar com o Centro Rural e demais espaços públicos. “É um desrespeito o que o Estado está fazendo. O Centro Rural tem história, é tradição dos moradores. O Governo de São Paulo não pode ignorar isso”, declarou. Ex-subprefeito em Ajapi na década de 1980, Geraldo Moi corrobora. “Por que vender um local que está aí para o povo? Tem dois campos de futebol, campo de bocha, o Centro Rural e a escola. É um absurdo, vender o que está pronto é fácil. Toda reforma que foi feita o Estado não participou, foi feita pela Prefeitura. Brigamos muito para fazer crescer Ajapi na nossa época”, disse.
O ex-vereador Sérgio Guilherme também pediu solução ao caso. “É uma área social, é um absurdo poder vender, é um local de interesse público”, diz. O assunto repercutiu bastante no distrito entre os moradores. A munícipe Valdirene Andrade, líder comunitária, pediu respeito. “Nós merecemos respeito como moradores, não podem acabar com nossa história. O Centro Rural é onde eram feitas formaturas dos alunos e eventos da comunidade. Um espaço enorme se acabando aos poucos. Ele precisa ser do município para ser restaurado e voltar a funcionar em prol da população”, lamentou. Além do prédio em questão, ao lado ficam quadras poliesportivas e a Escola Municipal Laura Penna Joly.