Carine Corrêa
Foi na madrugada de terça-feira, dia 2, que, após uma denúncia, a Guarda Municipal e a Vigilância Sanitária encontraram um idoso de 78 anos circulando pelo pasto de uma suposta clínica na região da Mata Negra, no Distrito de Ajapi, na zona rural de Rio Claro. Ferido, ele passou por exame de corpo de delito, que constatou condições de maus-tratos. O caso repercutiu na cidade e motivou a abertura de um processo no Ministério Público de Rio Claro, sob cuidados do promotor de Justiça Luiz Gonzaga Bovo nessa quarta-feira, dia 3 de dezembro.
A proprietária da suposta clínica clandestina, Sandra Eli de Souza, concedeu entrevista ao Jornal Cidade e alegou que o espaço abrigava provisoriamente os pacientes. “Ocorreu um equívoco. Precisei reformar minha clínica em Pirassununga e, por esse motivo, aluguei esse imóvel em Ajapi por 30 dias. Precisei me retirar com os pacientes por conta do vencimento do aluguel”, justificou.
No espaço, imagens feitas pela Vigilância Sanitária evidenciam as precárias condições de higiene e alimentação às quais os pacientes eram submetidos. “O idoso que circulava pelo pasto dormiu ao relento naquele dia”, acrescenta o coordenador da Vigilância Sanitária, Agnaldo Pedro da Silva. No imóvel, ainda foram localizados recibos que comprovam o pagamento de até R$ 1,3 mil destinados aos serviços prestados pela clínica.
Sobre o idoso de 78 anos, Sandra Eli justifica que, naquele dia, quando foi acomodar os pacientes em uma van, ele desceu e se perdeu do grupo. “Notamos sua ausência apenas em Pirassununga. Do total dos doze pacientes, apenas alguns têm idade superior a 60 anos”, diz Sandra Souza, que intitulou sua clínica como especializada em “retardo mental e psiquiatria” (sic).
A ocorrência registrada pela Guarda Municipal detalha que o idoso foi encontrado no local “desidratado, em estado febril e com ferimentos na cabeça com larvas”. Ele foi socorrido e levado à unidade de Pronto-Atendimento (PA) do Cervezão pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e ainda se encontra sob cuidados especiais na Casa Transitória. “Foi feito contato com a família, que afirmou que desconhecia o que estava acontecendo com o idoso”, acrescenta o coordenador da Vigilância. A família ainda teria afirmado que pagava pelos serviços prestados pela clínica.
Ainda estaria sendo investigada uma ligação entre a clínica de Sandra Eli de Souza com a uma casa de repouso em Rio Claro que foi fechada pela Vigilância Sanitária no ano passado. O presidente do Conselho Municipal do Idoso, Antônio Carlos Riani Costa, reforça que, junto com a Vigilância, encaminhou o caso ao Ministério Público.
O delegado do 1º Distrito Policial, Carlos Alberto Schio Filho, informou que fez o registro policial, mas que as investigações seguem sob comando do delegado Marcos Fuentes, que vai conduzir os próximos passos do caso. Sandra Eli informou que deve estar em Rio Claro nesta quinta-feira, dia 4, em conversa com o promotor de Justiça. Procurado pela reportagem do JC, não foi possível contatar o promotor Bovo até o fechamento desta edição.