Jaime Leitão
Depois da pane da última segunda-feira, que deixou fora do ar por aproximadamente seis horas o Facebook, o Instagram e o WhatsApp, a sensação que ficou no ar para bilhões de usuários em praticamente todo o mundo foi de vulnerabilidade e de dependência a esse mundo virtual, que tem um lado maravilhoso, mas que quando falta causa prejuízo, angústia, ansiedade, como se ficar sem acesso a esses aplicativos fosse uma espécie de apocalipse. Até existe um plano B, mas até acioná-lo, vive-se um pesadelo.
As causas do apagão ainda estão sendo investigadas. Pode ter sido um erro humano, ao desligar equivocadamente um componente, pode ter sido ação de um grupo de hackers. Há várias hipóteses, mas nenhuma conclusão até agora.
Alguns se perguntaram: Sem as redes sociais não existimos?; Será que não chegou o momento de repensarmos a nossa relação com o mundo virtual? E como fazer isso? Perguntas difíceis de responder.
Imagine uma avenida toda iluminada, cheia de atrações que nos convidam a entrar em tantas portas, com os mais variados conteúdos. De repente, vem a escuridão e percebemos que não trouxemos a velha lanterna que já descartamos faz tempo.
Fomos treinados para conviver com esse novo e fantástico mundo. E é praticamente impossível viver longe dele.
Estamos presos a senhas, algoritmos e à sensação estranha de que agimos comandados por uma força invisível. A tal da Inteligência Artificial nos prendeu de uma tal maneira que não vemos a saída.
Os mais prejudicados com esse apagão foram os pequenos comerciantes que não conseguiram entregar a maioria dos pedidos, muitos restaurantes que atuam no sistema delivery. Os magnatas da Internet perderam alguns bilhões de dólares no dia, mas já recuperaram no dia seguinte.
Vários aplicativos de banco, incluindo o Pix, apresentaram instabilidade ainda na terça-feira. Somos reféns da tecnologia. E o mais incrível de tudo é que queremos continuar reféns dela, talvez por não vermos nenhuma alternativa à vista. O cerco se fechou e parece que nunca irá mais se abrir.
O colaborador é cronista, poeta, autor teatral e professor de redação.