Na próxima terça-feira (12) é comemorado o dia de Nossa Senhora Aparecida – a Padroeira do Brasil. A data faz com que muitos fiéis relembrem sobre as graças que relatam ter recebido graças a essa fé. Prepare o coração, pois a ‘Reportagem da Semana’ vai contar histórias de rio-clarenses, que tem uma vida toda para agradecer à ‘Mãezinha’.
A imagem encontrada em outubro de 1717, por três pescadores no Rio Paraíba do Sul em São Paulo, foi conservada em uma pequena capela. Entretanto, a quantidade de romeiros atraídos pelos inúmeros relatos de milagres da imagem de Nossa Senhora foi tão grande, que em pouco tempo o local se transformou em uma cidade: Aparecida do Norte, para onde os fiéis vão, fazendo ou pagando promessas ligadas a pedidos de toda ordem.
Hoje em dia, Aparecida é o principal ponto turístico religioso do país, reunindo, por ano, cerca de 12 milhões de devotos. O Santuário Nacional, erguido posteriormente para receber essas multidões, inclusive, já foi visitado pelos três últimos papas: João Paulo II, Bento XVI e Francisco.
Protetora das grávidas
Por ser conhecida também como a protetora das grávidas e dos recém-nascidos, muitos devotos pedem a intercessão de Nossa Senhora nas gestações, caso que aconteceu em Rio Claro, na vida da analista de Recursos Humanos, Daniela Aparecida Binte Trovó, de 41 anos, e do esposo, o gerente geral Marcelo Alexandre Trovó, de 46 anos.
O que parecia impossível na vida do casal, para eles se tornou um milagre. É assim que eles chamam o filho Gabriel, que nasceu há sete anos. Eles não poderiam engravidar naturalmente e demoraram sete anos para conseguir realizar o sonho de serem pais. Ambos atribuem a graça à intercessão de Nossa Senhora Aparecida.
O casal, que vai à missa todos os domingos, se casou na igreja que fica na Vila Aparecida, em 2005. Eles contaram ao JC que tentaram engravidar por meios naturais, mas passados dois anos sem sucesso, foram ao médico para saber o porquê da dificuldade enfrentada.
Após essa consulta, foram mais cinco anos de tratamento com hormônios. Ainda sem êxito, decidiram procurar uma clínica de reprodução assistida para fazer inseminação in vitro. “Nem a fecundação dos óvulos aconteceu”, relatou Daniela.
Um dos motivos, que ela soube pelo médico, é que sofre de endometriose no nível mais grave, condição que resulta em fortes dores abdominais e pode causar infertilidade. “Foram inúmeros tratamentos, várias cirurgias, mas nada. Não conseguia engravidar”, falou.
Mesmo no momento de profunda tristeza, a analista de RH e o gerente geral se apegaram à fé para que a Santa concedesse a graça e desse um filho a eles. Numa viagem a Aparecida do Norte, Daniela afirmou que teve a sensação de que poderia estar grávida.
“Foi em um final de semana que viajamos para um retiro com os catequistas da paróquia. Eu sabia que tinha alguma coisa que não estava certa, pois meus ciclos menstruais sempre foram muito regulares, mas naquele momento estava atrasado, então eu já achei estranho. E lá, ainda mais fervorosos na fé, a gente pensou: será que é agora?”, relembrou.
Após um fim de semana no Santuário, voltaram à Rio Claro, foram ao médico, fizeram um teste de gravidez e, para a surpresa da família, o tão sonhado positivo. “Me senti abençoada por esse milagre na minha vida”, contou emocionada.
Fé que ultrapassa gerações
Criada em uma família muito católica, a analista de RH conta que sua história com Nossa Senhora Aparecida começou na infância. “Lembro da minha avó Sebastiana quando eu era bem pequena. Foi ela que trouxe isso [a devoção] para a nossa família. Ela rezava o terço às 12h e às 18h com a família reunida, cantava músicas da ‘Mãezinha’ e isso ia nos fortalecendo”, recordou.
Hoje, ela e a família carregam um terço na bolsa e outro no carro como forma de se proteger. “Eu não vou direto a Jesus porque ele tem uma mãe. E quando queremos algo, sempre vamos na figura materna primeiro, não é? É assim comigo e com minha fé”, disse.
A fé renovada em quatro ‘sinais’
Em abril deste ano, o neuropsicólogo Jonatha Tiago Bacciotti, 32 anos, teve um quadro de embolia pulmonar. Logo em seguida, uma trombose. Ele teve de passar por cirurgia, o que o deixou 28 dias numa UTI (Unidade de Terapia Intensiva). O neuropsicólogo considera estar vivo por um milagre de Nossa Senhora Aparecida e vai contar os quatros sinais que enxergou nessa batalha pela vida.
“O primeiro, foi quando eu fui para o hospital. Achei que era uma crise de ansiedade. Ao chegar no Pronto Atendimento, a médica me pediu para fazer um exame de tomografia. Eu não queria me submeter a isso. Após várias tentativas, a caneta da profissional caiu no chão e, ao abaixar para pegar, a medalha de Nossa Senhora saltou para fora da roupa. Aí resolvi fazer os exames, porque alguma coisa tinha. Não deu outra”, falou.
O segundo sinal, de acordo com Jonatha, foi por conta da dor. Ele chorava muito. No quarto, havia três médicos e dois enfermeiros. Nessa hora, apareceu uma mulher, que ele achava que era mais uma enfermeira. Ela parou ao seu lado para acalmá-lo. “Eu pedi para ela rezar comigo. Foi aí que me disse que sua fé era tamanha e que eu poderia ficar tranquilo, que tudo ia passar”, comentou Jonatha.
No outro dia, a família foi procurar saber na administração do hospital quem era essa enfermeira que tinha rezado com ele no quarto. Foi aí que receberam a informação de que ela não trabalhava no local e que nunca a tinham visto por lá. A família acredita que foi Nossa Senhora que estava com ele.
O terceiro sinal, segue ele relatando, foi quando a equipe tentou ligar para o médico titular para realizar a cirurgia. O profissional não atendia. Por conta do tempo, resolveram contatar a segunda médica da lista, que realizou a operação. A cirurgia, mesmo com risco de amputação, correu bem.
Voltando ao consultório da médica dias depois para uma uma consulta, o Jonatha entendeu o motivo de o titular não ter atendido o telefone naquele dia. “Cheguei e vi um jardim na recepção e uma imagem de Nossa Senhora. Ela [a médica] também é devota. Acredito que foi a ‘Mãe’ que estava conduzindo todo esse processo”, refletiu.
O último sinal, para o neuropsicólogo, foi quando percebeu que não conseguia mexer o corpo, depois da cirurgia. A família começou uma saga para procurar um fisioterapeuta. Três não deram certo. Na quarta profissional, a coisa tomou outro rumo.
“Quando ela veio falar comigo, puxou as mangas do jaleco. E, em seu braço, estava tatuada a imagem de Nossa Senhora. Em 12 dias, eu já ficava em pé e fazia muita coisa que não conseguia fazer. Foram vários sinais de que ela estava comigo”, definiu ele.