Jaime Leitão
A arte é o caminho mais acertado para nos retirar da angústia, do medo, da tristeza, em períodos de opressão e obscurantismo, violência perpetrada por governos autoritários contra os cidadãos. Também quando o mundo inteiro é assolado por uma pandemia, como essa que está matando centenas de milhares de pessoas, com perdas diárias que doem em nossa alma.
Pablo Picasso, um dos maiores artistas de todos os tempos, expressou a barbárie da Guerra Civil Espanhola, com milhares de pessoas assassinadas pelo tirano Francisco Franco, na sua tela Guernica, cidade destruída pelas bombas. Diante dessa tela, entramos em contato com o lado mais cruel e irracional do ser humano.
O MAC (Museu de Arte Contemporânea) da USP está inaugurando exposição com pinturas, esculturas e instalações de artistas italianos, que têm como tema a pandemia, na sua primeira fase, quando a Itália foi um dos primeiros países assolados por ela. Na dor, no sofrimento pela perda de parentes e amigos, os artistas buscaram no fundo de si mesmos força para criar além da tristeza e da morte. Essa exposição veio em primeiro lugar para o Brasil, onde ficará até agosto, e depois irá para vários outros países.
Nos últimos meses venho acompanhando pelo Facebook as postagens do artista gráfico, caricaturista, cartunista, poeta Camilo Riani.
Na sua poesia visual, engajada em nossa terrível realidade, Camilo exalta a arte, a vida, contrapondo-se à morte, à violência, à visão pequena daqueles que querem destruir a beleza contida na arte que nos faz pensar e sair da sensação de que tudo está irremediavelmente perdido.
É pela arte que nos achamos em meio ao caos. É pela arte que vamos além dos destroços de uma civilização vitimada pelo vírus da doença e pelo vírus do preconceito, da falta de sensibilidade para compreender que é preciso valorizar a vida antes de tudo.
Pela arte, saímos do marasmo, suplantamos o descaso, o vazio e rumamos no sentido de encontrar tempos melhores para todos, não só para alguns.