Adriel Arvolea
No dia 17 de março, Elis Regina Carvalho Costa completaria 70 anos. Mais conhecida como Elis Regina, a saudosa Pimentinha, apelidada por Vinícius Moraes, encantou multidões com sua voz inconfundível. A cantora de personalidade marcante imprimia nas apresentações a carga dramática necessária para emocionar o público, num misto de energia, melancolia e felicidade.
Revelada nos festivais de música da década de 1960, ficou consagrada pelo talento e ao interpretar as canções “Madalena”, “Como Nossos Pais”, “O Bêbado e a Equilibrista”, “Querelas do Brasil”. Morta em 1982, com apenas 36 anos, fez história na Música Popular Brasileira (MPB), cujo legado permanece eternizado há mais de três décadas.
Fã declarada, a cantora e professora de musicalização, Kátia Loureiro da Silva, ouviu falar de Elis quando era criança. Assistindo um programa de TV, viu uma cantora interpretando uma de suas canções. Foi, então, que buscou a versão original e se apaixonou por Elis Regina. “Recordo-me que a música era ‘Como nossos Pais’. Mesmo não tendo nascido na mesma época, para mim, Elis é uma cantora maravilhosa, técnica, audaciosa e corajosa numa sociedade onde a mulher, ainda, era muito descriminada. Ela interpretava as canções com o mesmo sentimento que os vivia. Não existe ninguém como ela”, comenta Kátia.
A também, cantora, Simone Brazil, relembra que teve conhecimento e entendimento da personalidade aos sete anos. Na sua opinião, Fascinação é inesquecível. “Não há como esquecer esta canção. A emoção que ela conseguia passar com sua voz é inesquecível. Além disso, para a MPB, é insubstituível”, explica Simone.
O que dizer da cantora e intérprete Elis Regina? Neste caso, a fã é categórica. “Talentosa, autêntica, uma intérprete que expressava a essência do ser. Elis Regina continua cantando, interpretando em nossa memória”, conclui.
Livro
Na data que marca o seu aniversário, foi lançado o livro ‘Elis Regina – Nada Será Como Antes’, que narra a vida da cantora desde seus primeiros dias em Porto Alegre, quando cantava ‘Fascinação’ ao lado das amigas nas escadarias de um colégio, até sua despedida trágica, prestes a, de novo, mudar tudo em sua vida. Ao todo foram quatro anos de entrevistas e pesquisas em arquivos.
Escrito pelo jornalista Julio Maria, repórter do jornal O Estado de S. Paulo, traz a história da maior cantora do País. Depois de dois anos em campo – durante esse tempo foram inúmeros arquivos consultados e 126 entrevistas, a maioria delas feitas pessoalmente –, Julio começou a colocar a história no papel. “Mesmo quando parei para escrever, as histórias continuavam a aparecer, e o livro ganhava novas partes de tempos em tempos. Ele ficou vivo o tempo todo”, conta.