A eleição deste ano mostrou que os partidos de esquerda em Rio Claro perderam novamente espaço dentro da Câmara Municipal. Pela terceira disputa eleitoral seguida, nenhum vereador deste campo político foi eleito ao Poder Legislativo. A última vez em que haviam parlamentares tidos progressistas ocorreu na legislatura de 2013 a 2016. De lá para cá, houve um aumento na quantidade de partidos que se classificam com centro, centro direita e direita.
Em 2024, o Psol, por exemplo, conseguiu com que candidatos da Federação Psol/Rede tivessem mais votos que alguns dos vereadores eleitos. É o caso de Vinícius Rodrigues, que mesmo com 1.581 votos, não foi eleito diante da soma da chapa de candidatos. Ele teve mais votos que Hernani Leonhardt (MDB), que teve 1.575 votos, Tiemi Nevoeiro (Republicanos; 1.393 votos), Adriano La Torre (PP; 1.365 votos), Carol Gomes (Podemos; 1.352 votos), Rodrigo Guedes (União Brasil; 1.305 votos), Val Demarchi (PL; 1.266 votos) e Claudino Galego (PP; 1.146 votos).
O candidato a prefeito do grupo, Airton Moreira, afirma que o Psol vem crescendo sua votação no legislativo desde 2016, quando participou das eleições municipais pela primeira vez. Foram 1.953 votos em 2016, 3.301 votos em 2020 e 3.907 votos agora em 2024. “Diferente do que disse o prefeito Gustavo em entrevista recente ao JC, eu jamais disse que a esquerda “queima” seus quadros. Muito pelo contrário, há pessoas que só possuem votação expressiva pela identidade política do Psol ou dos demais partidos de esquerda. Estamos confiantes que nas próximas eleições, reverteremos esse quadro. E eu particularmente acredito que o caminho para isso é a união dos partidos de esquerda na busca de estratégias comuns para que isso aconteça. Estou disposto a contribuir para essa articulação”, declarou.
O Partido dos Trabalhadores (PT), junto à Federação Brasil da Esperança com PCdoB e PV, somou 2.999 votos na chapa, menos do que os seus próprios últimos vereadores. A última vez que elegeu foi na eleição de 2012, com Agnelo Matos teve 3.011 votos e Raquel Picelli com 2.242 votos. Na época, o PDT fez o Professor Dalberto eleito com 1.585 votos. Os três hoje em dia não estão mais nestes partidos.
Já em 2024, o mais bem votado do PT foi Antonio de Fátima com 542 votos. O presidente do partido, João Guilherme, teve 500 votos a vereador. Ele afirma à reportagem do Jornal Cidade que o PT deve primeiro parabenizar seus militantes e candidatos pela campanha realizada. “É necessário ressaltar a melhora dos resultados eleitorais, mas também da ação do partido: próxima da sociedade, dialogando amplamente com a população e renovando seus candidatos. A esquerda de Rio Claro se apresentou mais competitiva, mas é necessário avançar no diálogo pela unidade para reverter o avanço da direita que é observado em todo o país. A luta continua e a vida requer da gente coragem, o PT estará sempre aqui para defender a nossa gente, fiscalizar a prefeitura e trabalhar pelo povo de Rio Claro”, conclui.
Ainda dentro deste campo político na cidade, quem precisa rever o posicionamento são os partidos ligados ao Professor Sarti, que ficou em última colocação na disputa a prefeito. O PSB, partido de Sarti, teve uma chapa com três candidatos a vereador, dos quais dois foram impugnados. O Solidariedade montou chapa com apenas seis candidatos, dos quais dois também tiveram problemas com a Justiça Eleitoral. Juntos, somaram apenas 306 votos, menos do que cerca de 80 outros candidatos a uma vaga na Câmara Municipal.
Em nota, o Solidariedade afirmou através do presidente Francisco Quintino, que inclusive também foi cutucado pelo prefeito Gustavo Perissinotto (PSD) em entrevista de ontem (10) na Rádio Jovem Pan News, que “nesta campanha de modo geral tivemos diversas dificuldades estruturais para minimamente viabilizar melhores resultados na captação de votos ao executivo e legislativo. Os candidatos a vereadores e vereadoras do Solidariedade considero heróis e heroínas por enfrentarem campanha tão desproporcional quanto a investimentos”, diz à Farol JC.
Quintino, ainda, acrescenta que “no TRE estão disponíveis os investimentos de campanha, é possível verificar as dificuldades. Os resultados refletem situações nas quais disputar espaço num cenário de eleitorado de maioria com perfil conservador faz-se necessário mais investimentos. E isso não quer dizer que o êxito eleitoral está garantido. É um árduo trabalho do qual não se desiste”, concluiu.