Carine Corrêa
Em vista dos recentes acontecimentos na Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade (Feena), uma carta aberta foi encaminhada ao governador Geraldo Alckmin na última quarta-feira (14), criticando a atual gestão da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SMA).
A carta assinada por ex-diretores do Instituto Florestal (IF), entre eles José Luiz Timoni, menciona que os fatos “graves havidos em relação ao titular do meio ambiente, senhor Ricardo Salles, atentam contra a estabilidade do sistema de meio ambiente desta unidade de federação, a qual tem mais de um século de vida”. O documento ainda solicita a nomeação de uma Comissão de Alto Nível para respaldar o governador quanto ao assunto. Questionado sobre o problema, a assessoria de imprensa do governador encaminhou a seguinte nota: “O Governo do Estado trata de assuntos dessa natureza exclusivamente no âmbito interno da administração estadual”.
Contrariando todas as evidências de que deve ocorrer o corte de árvores em área de 100 hectares na Feena, a SMA afirma que, por ora, não há cortes na floresta. “Por ora, não esta confirmado nenhum corte no local”, afirmou via assessoria de imprensa. Vale lembrar que o MP encaminhou uma recomendação administrativa à pasta para não realizar o corte. A Comissão de Meio Ambiente da OAB também encaminhou um ofício à pasta.
O que diz um especialista?
“O desmatamento da área será não somente a retirada de eucaliptos, mas de toda uma massa vegetacional representada pela mata secundária, que se compõe de espécies da flora nativa da região (a mata secundária formou-se após o plantio e o crescimento dos eucaliptos, a partir do banco de sementes contido no solo). Trata-se de um impacto severo sobre uma área de recuperação, o qual acarretará perda de biodiversidade com consequências nítidas sobre a fauna da Floresta Estadual”, afirmou o pesquisador Dener Toledo Mathias, doutor em Geografia pela Unesp de Presidente Prudente.
Juninho da Padaria (DEM)
Questionado sobre o corte na Feena, o prefeito eleito disse ao JC que é “necessário serem discutidos os prós e os contras da medida”. Confirmou ainda que esteve recentemente com o secretário Ricardo Salles, que foi “solícito às questões apresentadas”.
Juninho da Padaria disse ainda que a decisão do corte de árvores na área de 100 hectares da floresta é uma questão de caráter mais técnico do que político.