Favari Filho
Dona de uma lucidez incrível e esbanjando simpatia e vitalidade, a benzedeira Senhorinha Oliveira do Nascimento, 77 anos, ou simplesmente Dona Senhorinha, é referência em toda a região do grande Cervezão, por conta de suas rezas em prol das pessoas fragilizadas que necessitam de orações quando passam por momentos difíceis na vida. Confiante em suas afirmações e tranquila nas palavras, Dona Senhorinha fala da gratidão em poder ajudar o povo, principalmente os mais necessitados.
“É um dom natural que Deus deu e com muito orgulho sempre atendi todos que precisavam. Com isso acabei fazendo boas amizades, que resistem ao tempo. Normalmente muitas dessas pessoas voltavam depois para me agradecer de novo.” O que mais chama atenção em sua bela lição de vida é que, em alguns casos, Dona Senhorinha já benzeu e abençoou membros de várias gerações da mesma família. “Isso é maravilhoso e gratificante. Sei que em razão de minhas orações e intercessões ajudei bastante gente por aqui. O mais recompensador é saber do carinho que têm por mim, mesmo depois de tanto tempo”, lembra.
Com o passar do tempo e por estar um pouco cansada, decidiu reduzir o ritmo promovido por suas boas ações e atualmente atende apenas as crianças. “Comecei em Minas Gerais e quando cheguei aqui há mais de 35 anos continuei orando e benzendo as pessoas. Minha casa vivia cheia de gente, dia e noite. Agora o momento é outro e não desenvolvo o trabalho como antes. Chegou a minha vez de descansar um pouco”, completa a idosa que passa muita segurança e ternura enquanto conversa.
Natural da cidade mineira de Monte Azul, a benzedeira lembra que, quando chegou ao Cervezão, faltava bastante infraestrutura. “Não tinha praticamente nada. Era uma casa aqui e outra ali, sem saneamento básico, asfalto e muito menos energia elétrica. Bem diferente do que é. Agora temos posto de saúde, escolas, supermercados, muitas lojas, agência dos Correios e até banco. Tudo mudou e para melhor. Encontramos o que precisamos”, enfatiza. O Cervezão e adjacências, para Dona Senhorinha, funciona como uma pequena cidade. “Não sairia daqui por dinheiro nenhum deste mundo. Me sinto bem à vontade ao lado dos amigos que cultivei ao longo do tempo. Aqui é o meu lugar e me sinto realizada e feliz”, finaliza.