Filme conta a história do mítico médium brasileiro João de Deus

João é de Deus e durante boa parte do filme de Candé Salles fica dizendo aos fiéis que frequentam a Casa de Dom Inácio em Abadiânia, Goiás, que devem conciliar a experiência espiritual com tratamentos de medicina mais tradicional. O próprio João vem a São Paulo tratar um câncer agressivo. Há 50 anos, João Teixeira de Faria pratica a mediunidade. O documentário que estreou na quinta-feira, 30, o acompanha em seu centro, em viagens internacionais – a uma Casa João de Deus na Suíça – e até garimpa velhos documentos, como o filme que registra o encontro do jovem João com o lendário Chico Xavier.

O filme é bem feito, bem montado. É obra de cunho hagiográfico. Em nenhum momento busca tensionar ou desmistificar o personagem. Os depoimentos apontam sempre na mesma direção. Ao centro em que realiza operações espirituais e físicas – com instrumentos tão rudimentares como facas de cozinha para operar os olhos de seus pacientes -, ele agrega outras casas de atendimento. Fornece refeições para quem tem fome, atende crianças carentes com material escolar e faz doação de enxovais a bebês.

Um tema é tabu – a operação financeira, a origem dos recursos que permite manter essa corrente do bem. E também, mesmo quando João relata como tudo começou, o filme não traz respostas para o mistério. O que faz com que certas pessoas sejam iluminadas, possuam o dom? Os depoimentos – gente de todo o mundo – dão conta de que a Casa João de Deus é um centro de acolhimento no mundo conturbado. Atende o espírito e o físico de quem precisa de ajuda. Até Marina Abramovic vai ajudar o médium, numa de suas operações. Cissa Guimarães faz a narração, dizendo que João de Deus não discrimina sexo, cor nem religião e busca conectar todos com o grande arquiteto do universo – Deus?

Gilberto Gil canta na trilha Se eu Quiser Falar com Deus, e João, humildemente, se coloca como instrumento. Ele nada faz. Quem faz é Deus. Um letreiro informa. Para quem acredita, palavras não são necessárias. Para quem não acredita, elas serão insuficientes. Bonito como é, João de Deus – O Silêncio É Uma Prece atinge os já convertidos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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