Governo Federal anuncia grupo de trabalho para discutir ampliação do uso de gás natural

Luís Fernando Quilici, diretor de Relações Institucionais da ASPACER.

Indústria cerâmica paulista tem protagonismo em evento pela relevância no consumo e inciativa pioneira em projeto para uso do biometano

O Governo Federal anunciou nesta segunda (17), a criação de um grupo de trabalho para discutir medidas que apoiem a oferta de gás metano e biometano para a indústria brasileira. O anúncio foi feito durante o seminário “Gás para Reindustrialização do Brasil” promovido pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) em parceria com o Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) e a Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro).

Farão parte do grupo de trabalho o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e Serviços, Ministério de Minas e Energia, Ministério da Casa Civil e Ministério da Fazenda, além da Petrobrás.

O evento contou com a participação presencial do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e com o presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates. O Ciesp que representa 8 mil indústrias do estado de São Paulo, foi representado no seminário por seu presidente, Rafael Cervone. Recentemente, Cervone participou do anúncio oficial de um acordo entre os setores de cerâmica e o sucroenergético para o fornecimento de gás natural biometano a partir do bagaço da cana-de-açúcar. O evento aconteceu no município de Santa Gertrudes.
Sobre o grupo de trabalho para discutir as políticas de apoio à produção de gás, o vice-presidente, quer incluir também outros pequenos produtores além da Petrobrás. “Eu acho que esse grupo de trabalho vai trazer bons frutos para a gente poder reduzir o preço do insumo e podermos ter mais competitividade, gerar mais investimentos e empregos”, disse Alckmin, acrescentando em seu discurso, a importância do setor cerâmico e fazendo referência a São Paulo como o maior produtor brasileiro de pisos e revestimentos.

Josué Gomes, que é presidente da Fiesp e 1º vice-presidente do Ciesp, citou que a indústria cerâmica paulista, que hoje representa 70% da produção nacional deste setor, poderia estar exportando muito mais, não fosse a limitação de energia. Hoje 30% da energia usada neste setor é proveniente do gás natural, enquanto a energia elétrica é 45%. Para ele ainda, a ampliação do fornecimento de gás será um divisor de águas para indústrias como a química, a de vidro, de fertilizantes e até a de panificação, que já utilizam o gás natural.

Já o Diretor de Relações Institucionais da Aspacer (Associação Paulista das Cerâmicas de Revestimento), Luís Fernando Quilici, participou do evento como painelista, no Painel como Aproveitar o Gás para Reindustrialização, onde fez uma leitura da importância dos investimentos em energia e ressaltou que, o setor tem perdido espaço no mercado por conta do alto custo do gás natural. “Você precisa encarar a energia como algo ligado intimamente a soberania nacional. Nós participamos de duas missões nos Estados Unidos em 2013 e 2015, e na ocasião avaliamos a forma de como o americano encara a energia, e ficou claro para nós, isso já há mais de 8 anos, que se quisermos uma indústria competitiva precisamos de investimentos fortíssimos em energia para alavancar o desenvolvimento econômico e social do Brasil”, frisou.

Luís Fernando Quilici, diretor de Relações Institucionais da ASPACER. Foto: Eduardo A. Vianna/ASPACER.

Gás natural 

O gás brasileiro é um insumo essencial e estratégico para a nova industrialização do país. Além do potencial energético, o gás natural é usado como matéria-prima do metanol, de fertilizantes (amônia e ureia), hidrogênio e outros produtos. Para reduzir os preços, o MDIC atua para o aumento da oferta e a ampliação da rede de transporte do gás.

O Brasil tem grandes reservas de gás natural. São ao todo 381 bilhões de m³ de reservas provadas. Do total, 304 bilhões de m³ encontram-se no mar e os 77 bilhões restantes, em terra.

Para transformar essas reservas em produção, um dos principais desafios é aumentar a infraestrutura, com a construção de gasodutos e de Unidades de Processamento de Gás Natural (UPGNs). Essas obras vão permitir a interiorização do gás natural, a redução dos volumes de reinjeção e a redução no preço da molécula.

Dos atuais 140 milhões de m³ de gás natural produzidos diariamente no Brasil, quase metade é reinjetada em poços de campos offshore e não é disponibilizada para o mercado nacional. Com isso, as importações de gás da Bolívia chegam a um terço da sua demanda do Brasil.

Neste contexto, a mudanças planejadas pelo MDIC têm o objetivo de melhorar a performance do setor. E a criação do Grupo de Trabalho proposto pela FIESP apontam no mesmo rumo.

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