Chamou a atenção, durante oitiva na CPMI de 8 de Janeiro, no Congresso Nacional, nessa semana, o discurso do senador Sergio Moro ao se direcionar ao hacker Walter Delgatti Neto, que estava depondo quanto à sua contratação pelo entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro na época das eleições passadas. Moro afirmou que Delgatti teria processos na Comarca de Rio Claro.
A coluna Farol JC apurou e confirmou a informação. O hacker é réu num processo de 2012, originário num inquérito policial na Delegacia de Investigações Gerais de Rio Claro. Inclusive, no último dia 4 de agosto, a Justiça determinou que Delgatti constitua um novo advogado no processo.
O CRIME – Delgatti é acusado de fazer compras em três lojas de Rio Claro, em maio e junho de 2012, utilizando cartão de crédito clonado. Em uma joalheria, comprou dois relógios da marca Bulova, um cordão de ouro e uma caneta da marca Mont Blanc, no total de R$ 10.582,00. Em uma ótica, comprou dois relógios da marca Police, no total de R$ 3.560,00. Antes disso, ainda, comprou vários itens em uma loja de departamento esportivo no valor de R$ 3 mil. Todas as compras com o cartão clonado. O inquérito policial o qual a reportagem teve acesso conta com quase 400 páginas.
CPMI – O hacker Walter Delgatti Neto prestou depoimento por quase 7 horas à CPMI do 8 de Janeiro. Ele afirmou que o ex-presidente da República Jair Bolsonaro prometeu indulto, caso invadisse as urnas eletrônicas, simulasse fraude nas urnas e assumisse um grampo ilegal contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A relatora da CMPI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), afirmou que há “fortes condições” para o indiciamento do ex-presidente. Questionado por apoiadores de Bolsonaro, Delgatti ficou em silêncio a maior parte do tempo.
A senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPMI do 8 de Janeiro, declarou na quinta-feira (17) que a comissão tem “fortes condições” de recomendar o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro após o depoimento do hacker Walter Delgatti Neto. Ela afirmou, no entanto, que ainda é preciso “compatibilizar” as declarações de Delgatti com evidências documentais. Delgatti acusou Bolsonaro de encomendar a ele um código falso para simular uma fraude nas urnas eletrônicas, e também de prometer a ele indulto caso assumisse a autoria de um suposto grampo contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).