Em documento encaminhado ao prefeito Gustavo Perissinotto (PSD) nesta quarta-feira (24), a diretoria regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo-Ciesp em Rio Claro manifesta posição contrária à proposta de decreto de “lockdown” no município. A expectativa é de que o prefeito de Rio Claro defina se vai decretar medidas severas na cidade ainda nesta quarta-feira.
No manifesto, os representantes da indústria argumentam sobre a falta de eficácia do “lockdown” no atual momento da pandemia e enumeram os prejuízos econômicos que a medida pode acarretar. Confira na íntegra o documento já protocolado na administração municipal:
A Diretoria Regional do CIESP (Centro da Indústrias do Estado de São Paulo) em Rio Claro esteve reunida na manhã de hoje (24) com mais de 30 indústrias e diversas entidades representativas do setor Industrial da região, as quais demandam suas necessidades dos serviços de saúde em nosso município. Atentos aos rumores de possíveis decisões que possam vir a ser tomadas pelas autoridades sanitárias locais, vem respeitosamente manifestar sua preocupação em relação à nossa indústria.
Considerando que as indústrias de Rio Claro mantém permanente monitoramento da saúde dos seus trabalhadores diretos;
Considerando que nas indústrias todos os protocolos de segurança e saúde estão sendo adotados com o máximo rigor, dentre eles: distanciamento na linha de produção e refeitórios, higienização permanente das áreas comuns, fornecimento de máscaras e álcool em gel, monitoramento de temperatura, espaçamento dos horários de troca de turnos e no transporte;
Considerando que a maioria das indústrias não utiliza transporte público e que tais empresas disponibilizam meios de transportes próprios para seus colaboradores, evitando, assim, ambientes de maior risco ou aglomeração;
Considerando que uma suposta suspensão das atividades industriais deixaria os colaboradores sem o devido acompanhamento/monitoramento diário e, consequentemente, seus familiares que, somados, passam de 60 mil vidas;
Considerando que o histórico do ocorrido em outros locais onde esse tipo de suspensão foi adotado mostrou aumento de encontros e festas clandestinas, churrascos, reuniões familiares, práticas esportivas entre outras atividades sociais, sem qualquer respeito aos protocolos de saúde e segurança;
Considerando que a paralização da atividade industrial não é uma medida adotada, nem mesmo recomendada, na maioria dos países e pouco vista no Brasil, uma vez que a atividade não incide em risco ao trabalhador, sendo certo que a paralização pode impactar negativamente o abastecimento.
Considerando que dados consolidados obtidos junto aos departamentos de RH’s das empresas demonstram que, após a adoção de férias coletivas e feriados prolongados, os índices de contaminação e absenteísmo aumentam consideravelmente;
Considerando, ainda, que em outras unidades fabris onde restrições ao funcionamento da indústria foram implantadas, como o corrido em Manaus, o índice de contaminação e absenteísmo subiu de 2% para 20% no retorno dos trabalhadores às suas funções;
Considerando que intuições de saúde importantes, como a Santa Casa Saúde, São Rafael e Santa Filomena, mostram-se contrárias a um possível Decreto que inviabilize o pleno funcionamento da indústria, devido à tendência de aglomerações decorrentes da paralização das atividades laborais, pelo que haveria maior sobrecarga do próprio sistema de saúde local;
Considerando que, pela legislação federal e estadual vigente, a indústria é considerada atividade essencial e se diferencia de outras funções, pois trabalha em ambiente sem acesso ao público interno, bem como com monitoramento constante dos seus colaboradores;
Considerando que a paralisação das atividades industriais pode levar a uma reação negativa e progressiva que afetará toda a cadeia produtiva, provocando desabastecimento, redução da arrecadação de tributos, descontinuidade no fornecimento de equipamentos e materiais dos mais diversos segmentos, que podem, inclusive, impactar na “ponta”, justamente na crescente demanda dos produtos destinados ao combate da COVID;
Considerando que uma suposta paralização nas atividades pode provocar em muitas indústrias do nosso munícipio danos irreparáveis em seus equipamentos, os quais não podem nem mesmo ser desligados, pois inviabilizariam a retomada das atividades, provocando desemprego, perda de assistência médica através dos planos de saúde e queda da arrecadação, justamente neste momento em que o município mais precisa de recursos para atender à população;
Considerando, por fim, que foi montado através do CIESP – RIO CLARO um Grupo de Trabalho para viabilizar a implantação de uma “Usina de Oxigênio” em nosso munícipio, com o objetivo de atender à crescente demanda, sendo certo que a suposta paralização poderia inviabilizar ou atrasar essa importante iniciativa;
Solicita-se a Vossa Excelência que nenhuma ação ou decreto, que venha a interromper o pleno funcionamento das indústrias em Rio Claro, seja implementado em nosso município, evitando, dessa maneira, o aumento do número de casos de contaminação, internações e mortes em decorrência da diminuição da atividade produtiva (caracterizada hoje pela existência efetiva e eficaz de mecanismos de controle da COVID 19 nas plantas industriais locais).
Além disso, busca-se evitar o consequente encerramento de empresas, perda de empregos e arrecadação.
Vale ressaltar que a indústria representada pelo CIESP – Rio Claro solidariza-se com as famílias atingidas pelo COVID 19. Reconhece o esforço diário dos profissionais da saúde que atuam de forma incansável no enfrentamento da pandemia e entende que o caminho efetivo no combate da doença se dá com o uso de máscaras, álcool em gel, distanciamento social responsável e vacinas!
Desta forma, com o pleito ora apresentado, colocamo-nos à disposição e abertos para dialogar e, conjuntamente, unidos, construirmos a melhor estratégia para enfrentar esse terrível período que atravessamos.
Atenciosamente
CIESP RIO CLARO
INDÚSTRIAS DE RIO CLARO