Israel é palco de 3ª noite de violência após pedido de calma de Netanyahu

JERUSALÉM, ISRAEL (FOLHAPRESS) – A polícia de Israel e grupos de palestinos voltaram a se enfrentar na noite de sábado e madrugada deste domingo, protagonizando conflitos na terceira noite consecutiva de violência em Jerusalém.


À medida em que as tensões no país aumentam desde o início do ramadã, mês sagrado para os muçulmanos, protestos se espalharam também por várias cidades na Cisjordânia e ao longo da fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza.


O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, chegou a convocar uma reunião de emergência e pediu calma a todas as partes envolvidas. O pedido, no entanto, parece ter sido ignorado.


Embora menos violentos, os confrontos da noite de sábado incluíram centenas de policiais com equipamento de tropas de choque agindo com cassetetes, canhões de água e bombas de gás lacrimogêneo contra palestinos que atacavam arremessando pedras e garrafas.


No Portão de Damasco, um dos principais meios de acesso à Esplanada das Mesquitas, localizada na Cidade Antiga, aconteceram alguns embates mais leves após a última oração do dia. Segundo a polícia, grupos de jovens colocaram fogo em lixeiras e foram dispersos pelos agentes.


“A polícia está causando os problemas. As pessoas querem se sentar aqui no Portão de Damasco no ramadã”, disse Fares, 22, um palestino de Jerusalém Oriental, à agência de notícias Reuters. Ele não quis dar seu nome completo.
“Todos os outros lugares estão fechados por causa do coronavírus, todos estão em casa. O Portão de Damasco é muito importante para os palestinos e é o caminho para nossos lugares sagrados.”


Segundo Netanyahu, a liberdade de culto está sendo mantida para todos os residentes e visitantes de Jerusalém.
Em Gaza, mais três foguetes foram disparados contra Israel: um foi interceptado pelo escudo antimísseis israelense, outro explodiu em um terreno baldio e o último caiu ainda no território da Faixa de Gaza.


O número de foguetes é apenas uma fração dos 36 que foram disparados contra Israel na noite de sexta-feira, mas é um novo sinal de alerta para os ataques que interromperam a sequência de meses de relativa quietude da fronteira entre Israel e Gaza.


No mesmo comunicado em que afirmou que o desejo do governo é “manter a lei e a ordem pública” e pediu calma a todos os envolvidos, Netanyahu disse que o Exército de Israel está “preparado para qualquer cenário”.
Benny Gantz, ministro da Defesa israelense, também declarou que o Exército estava preparado para uma eventual escalada. “Se a calma não for mantida no sul, Gaza será duramente atingida, e os responsáveis serão os líderes do Hamas”, disse.


O Hamas, grupo islâmico que controla Gaza e é considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia, tem expressado apoio aos palestinos em Jerusalém e feito ameaças contra Israel. Posições identificadas pelo Exército como pertencentes ao Hamas também foram alvo de disparos de foguetes por Israel e monitoradas por tanques, caças e helicópteros militares.


O cenário em Jerusalém voltou a gerar preocupação internacional na última quinta-feira. Os palestinos, impedidos de realizarem suas reuniões noturnas, sentiram-se especialmente provocados quando um grupo de israelenses ultranacionalistas fez uma marcha, organizada pelo movimento judaico de extrema direita Lahava, em direção ao Portão de Damasco, entoando gritos de “morte aos árabes” e “morte aos terroristas”.


Houve confrontos entre os dois grupos, e a polícia dispersou manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo e canhões de água. O saldo foi de ao menos 120 feridos e 50 presos.


Jerusalém está no centro do conflito israelense-palestino. Israel reivindica a cidade inteira, incluindo seu setor oriental capturado na guerra de 1967, como sua capital. Os palestinos buscam fazer de Jerusalém Oriental a capital de um futuro Estado palestino na Cisjordânia e em Gaza.


A poucos minutos a pé do Portão de Damasco, em contraste com a violência dos últimos dias, cerca de 150 ativistas pacifistas israelenses realizaram uma manifestação.


“Queremos enviar uma mensagem tanto ao governo [israelense] quanto aos nossos vizinhos palestinos de que não ficaremos calados diante da violência, do incitamento e do racismo. Defenderemos o direito de todos de viver pacificamente em Jerusalém”, disse Shaqued Morag, líder do grupo Peace Now (paz agora).

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