‘Jay Leno’ de Rio Claro e suas motocicletas de época

Depois de compartilhar com os leitores do JC seu amor por carros antigos e bicicletas de época, Guido Dantas nos mostra uma incrível coleção de motonetas. É de encher os olhos

O leitor do JC já percebeu que conversar com Guido Dantas é viajar no tempo. Foram necessários três episódios – com publicações intercaladas – para mostrar não uma, mas três coleções que ele possui.  De carros antigos, de motocicletas e ainda mais uma – de bicicletas, tudo de época. Quem perdeu, basta acessar jornalcidade.net e pesquisar ‘Meu Carro, Meu Xodó’.

Nesta terceira – e última reportagem especial sobre este personagem, ele apresentou, com exclusividade ao ShowCar, sua coleção de motonetas. Há motocicletas raríssimas, que marcaram os ‘anos dourados’ e a sensação de liberdade de pilotar, quando a obrigatoriedade do uso do capacete não era tão imposta como hoje em dia. Uma coleção e uma conversa imperdíveis.

Todos os 50 modelos do rio-clarense ficam numa oficina no fundo de casa, totalmente ambientada com itens que se referem à estrada, como bombas de combustível, um frigobar totalmente retrô, motores, rodas e muitas peças que são guardadas ali, com muito capricho. A organização é a marca de Dantas. Não tem bagunça, nem sujeira. Nada fica fora do lugar. Ele começa, então, dando um panorama do porquê de colecionar essas raridades.

“Quando mais novo, na década de 60, meu pai me deu uma banca de jornal. Em frente, tinha um senhor que possuía uma Monareta. Ele saía todos os dias com ela e eu ficava apaixonado por essa cena”, relembra. 

De lá para cá, sua coleção foi aumentando. E, hoje, modelos variados, muito bem restaurados e conservados, tomam conta do espaço. Há relíquias de diversos países, fabricadas nos anos 60, 70, 80, e 90.

Em destaque, a Monareta, da Monark, verde, com um motor alemão Sachs de 2 tempos e 49,9cc com cilindro na horizontal. Tem também as primeiras AV 7, que vieram da França. As mais famosas, segundo o colecionador, são uma Pônei, fabricada pela Brumana Pugliese (BP). O ciclomotor utiliza componentes da Xispa e motor de 50cc, inicialmente Minarelli, italiano e, depois, Zanella, argentino, que ficou em linha até 1980, concorrendo com as Mobylettes; além de Velosolex, que era francesa. Mas o químico se orgulha, mesmo, daquelas em que colocou as próprias mãos.

“Várias aqui eu desmontei, pintei, montei novamente, tudo mediante os padrões da época. Era um passatempo. Agora, por conta da empresa, não estou tendo muito tempo, mas sempre que dá, gosto de brincar com elas”, conta.

Espaço foi criado pelo filho

De canil a um mundo dedicado às suas paixões. Quando Guido precisou se ausentar da empresa e das atividades por conta do repouso de uma cirurgia no coração, o filho Marcelo Dantas, de 50 anos, aproveitou para reformar o local que hoje abriga as raridades.

O próprio Marcelo relembra como teve a iniciativa. “Meu pai ficou muito debilitado e eu precisava criar um lugar para se sentir à vontade, com as coisas que gosta. A gente derrubou tudo. Não fiz desenho nenhum. Foi tudo da minha mente. Ver ele por aqui é a minha felicidade. Quanto mais tranquilo ele estiver, eu também ficarei”, diz o filho.

Preciosidades que mais pessoas poderão ver em um futuro próximo

Por conta do museu particular ser dentro de casa, Guido até acha uma pena as pessoas não o conhecerem de perto, mas agradece ao Jornal Cidade pela oportunidade. Mais precisamente este repórter, que ficou no seu pé por longos meses para que as reportagens fossem gravadas, escritas e publicadas.

“Ramon, você andou me ‘assediando’ por meses. Eu não tinha vontade de me expor. Pensei muito, aí resolvi abrir as portas da minha casa. É uma história. É um legado, que precisa ser continuado. Minha surpresa foi ver que o JC mostrou com maestria essa história”.

Inspirado pelo Jornal, Guido Dantas pensa, em breve, em ter o seu próprio canal para contar sobre cada relíquia que tem em casa. Boas histórias não faltarão e, se isso for mesmo acontecer, seremos os primeiros a divulgar o endereço eletrônico.

Carla Hummel: