As recentes declarações envolvendo o presidente da República, Jair Bolsonaro, e o presidente do PSL, Luciano Bivar, colocam em público uma crise no partido. Ontem (9), Bivar afirmou em entrevista ao G1 que “ele [Bolsonaro] já está afastado. Não disse para esquecer o partido? Está esquecido”. O deputado refere-se à declaração de Bolsonaro, que na terça (8) disse a um apoiador pré-candidato em Recife para que o mesmo esquecesse o PSL e que Bivar estaria “queimado”. Ainda ontem o próprio Bolsonaro disse que “por enquanto, eu continuo [no PSL]. Não tem crise. Briga de marido e mulher, de vez em quando acontece. O problema não é meu. O pessoal quer um partido diferente, atuante. O partido está estagnado. Não tem confusão nenhuma”, disse.
A discussão chega a Rio Claro uma vez que o partido acaba de trocar pela terceira vez e recentemente o seu comando com motivação às eleições de 2020. Ítalo Lorenzon, novo presidente da sigla local, descartou que esse acalorado impasse possa atrapalhar o pleito do ano que vem. A sigla já anunciou dois pré-candidatos a prefeito, os atuais vereadores Anderson Christofoletti e Thiago Yamamoto.
“Pra quem acompanha política nacional há um tempo sabe que o movimento que elegeu Bolsonaro não foi de militância do PSL. O PSL, e digo isso com pesar e insuspeita, infelizmente não nasceu puro. Não é por que o sujeito está no partido que está alinhado com o movimento que elegeu Jair Bolsonaro. Esse movimento é essencialmente autônomo e não tem necessariamente um partido que o representa totalmente”, disse enfaticamente.
Segundo Lorenzon, o presidente Bolsonaro está em briga com quadros fisiológicos do PSL. “Luciano Bivar é um exemplo claro, que tenta trabalhar ainda no ritmo da velha política. E nós, do PSL Rio Claro e do diretório estadual de São Paulo, temos a consciência de que estamos no PSL, mas que somos essencialmente conservadores. Temos alinhamento com Bolsonaro no campo das ideias, não é um alinhamento especificamente partidário”, ponderou.
Ainda de acordo com o presidente municipal da sigla, a declaração de Bolsonaro contra Bivar e o PSL “não vai afetar o trabalho do PSL em Rio Claro. Não vai afetar, principalmente, o trabalho do Movimento Conservador em Rio Claro [do qual Lorenzon é coordenador]. Se Bolsonaro resolver sair do PSL e a situação dentro do partido estiver insustentável, o nosso grupo político vai simplesmente migrar para uma sigla que nos aceite e nos dê maior liberdade para sermos conservadores”, observa Lorenzon.