Herculano Barreto Filho – Folhapress
Os exames nos motores da aeronave que caiu com a cantora Marília Mendonça e mais quatro pessoas na sexta-feira da semana passada em Piedade de Caratinga (MG) seguirão um protocolo internacional, que autoriza o acompanhamento dos procedimentos por representantes da Polícia Civil, do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) e da fabricante dos motores.
A decisão foi anunciada pela Polícia Civil hoje após reunião na sede da empresa IAS (Indústria de Aviação e Serviço) em São José da Lapa (MG). Os destroços, removidos da cachoeira onde aconteceu o acidente, chegaram na terça-feira (9) no aeroporto Galeão, no Rio de Janeiro.
Nesta semana, a Polícia Civil recolheu os celulares do piloto Geraldo Martins Medeiros e do copiloto Tarciso Pessoa Viana para análise. Os laudos da causa da morte dos ocupantes da aeronave ficarão prontos em um mês. No momento, análises estão sendo feitas no IML de Belo Horizonte e serão enviadas de volta para Caratinga, onde será concluído o relatório pericial.
Os investigadores também irão avaliar a documentação do Departamento de Controle do Espaço Aéreo para descobrir se a torre de transmissão de energia elétrica da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) está fora da área de proteção do Aeródromo de Ubaporanga, em Caratinga (MG), como afirma a empresa.
“A nossa investigação busca apenas a prevenção de futuros acidentes”, disse o brigadeiro do ar Marcelo Moreno, chefe do Cenipa.
Alexandre Faro Kaperaviczus, coordenador do curso de Aviação Civil da Universidade Anhembi Morumbi, da pós-graduação de Segurança de Voo e do MBA em gestão de Aviação Civil, diz que a medida indica o cumprimento dos protocolos de investigação de casos do tipo.
“É uma norma que indica como deve se agir quando existe um acidente, com preservação da área, transporte dos destroços e análise feita por profissionais. Existe um passo a passo muito cuidadoso que tem que ser adotado para que sejam preservadas as evidências”, analisa. “Esse é o procedimento mais adequado, e segue um padrão reconhecido internacionalmente quando acontece esse tipo de situação”, complementa.
ACIDENTES AÉREOS NO PAÍS
O número anual de mortes em acidentes aéreos caiu mais de 50% desde 2011, segundo dados do Cenipa. Em 2020, o número de mortes por acidentes aéreos foi o menor da série já registrado: 50.
Com as cinco mortes causadas pela queda do avião com Marília, os óbitos neste ano chegaram aos mesmos 50 casos -em 2011, foram registrados 110 óbitos em acidentes aéreos no país.
Segundo o Cenipa, os principais problemas que geram acidentes são:
– Falha de motor em voo – 363
– Perda de controle em voo – 344
– Perda de controle em solo – 221
– Colisão com obstáculo durante voo – 126
– Excursão de pista – 92
– Pane seca – 72
– Operação em baixa altitude – 65
– Problema com trem de pouso – 61
Os acidentes aéreos com mortes ocorrem, em regra, na aviação de pequeno porte -que inclui aeronaves particulares, táxi aéreo ou instrução, por exemplo.
Na aviação comercial, acidentes graves são raros: desde 2011 -quando um avião da companhia regional Noar caiu no Recife- não há registro de morte nessa categoria.