Mau hálito cria constrangimento e pode indicar doenças

Fabíola Cunha

Hábitos alimentares equivocados ou aquela dieta maluca da última revista de fofocas podem provocar halitose

Acordar pela manhã com mau hálito não é novidade ou surpresa. Basta uma boa escovada nos dentes, fio dental e um raspador de língua e você está pronto para viver em sociedade de novo. Para algumas pessoas, no entanto, o mau hálito torna-se crônico e, embora não seja uma doença, pode indicar um desequilíbrio do organismo, que merece atenção.

A halitose atinge 50 milhões de brasileiros, o que representa 30% da população do país, segundo dados da Associação Brasileira de Halitose (Abha). Há até um dia específico de combate a este mal no país: 22 de setembro.

“A halitose é um sinal indicativo de que alguma disfunção orgânica (que requer tratamento) ou fisiológica (que requer apenas orientação) esteja acontecendo”, explica o cirurgião-dentista Fábio Vanzelli. Muitas pessoas veem o mau hálito como indicativo de problemas estomacais, mas Vanzelli refuta, explicando que não há evidências científicas e clínicas para essa crença: “A língua possui diversas papilas gustativas entre as quais se formam criptas, ou seja, saquinhos que retêm resíduos de alimentos, células epiteliais descamadas e placas bacterianas que começam a fermentar e a liberar odor de enxofre. Essa é, sem dúvida, a principal causa do mau hálito”, pontua.

Hábitos alimentares equivocados ou aquela dieta maluca da última revista de fofocas podem provocar halitose. Na boca, a higiene deficiente, retenção de placas bacterianas na língua (conhecida como saburra lingual) ou amígdalas, baixa produção de saliva e doenças da gengiva são causas comuns para o mau cheiro. Na parte respiratória, adenoides, rinites e sinusites também aparecem como causas. Até mesmo o estresse pode levar ao mau hálito. Já as razões sistêmicas incluem diabetes, problemas renais ou hepáticos e até mesmo prisão de ventre acentuada.

O mau hálito não é apenas uma questão de saúde, pois sua cronicidade compromete a vida social e afetiva da pessoa, como explica Vanzelli: “A maioria das pessoas não sabe que tem halitose, que é um sintoma constrangedor com significativo impacto social. A halitose é causa de restrição social, diminui a qualidade de vida e pode ser indicativo da presença de doenças mais graves”.

Já que muitos sequer percebem que têm o problema, é preciso confiar a pessoas da família ou amigos a checagem periódica, perguntando se há odor desagradável e lembrando que o mau hálito matinal é comum, devido à pouca salivação durante a noite. Uma boa escovação, uso de fio dental e enxaguante bucal antes de dormir minimizam o odor. No entanto, Vanzelli alerta que enxaguantes com álcool na composição podem piorar o problema.

Constrangedor também pode ser avisar a pessoa com halitose. Como opção, a Abha disponibiliza em seu site um serviço de e-mail anônimo, que a pessoa pode utilizar para alertar o portador do problema de forma discreta e sem se entregar. O endereço para “dar um toque” é www.abha.org.br/sosmauhalito.

Percebida, a halitose pode e deve ser tratada: “O mais importante é levantar o diagnóstico correto, procurar descobrir se ela é sistêmica ou local (na boca) antes de estabelecer qualquer plano de tratamento”, explica Vanzelli.

A higiene em casa é de fundamental importância, mas o dentista indica higienização profissional periódica, pois, “às vezes, a pessoa não consegue remover a placa bacteriana ou o acúmulo de tártaro, principalmente na região inferior dos dentes”, diz.

Redação JC: