Ministro diz que Brasil pode assinar acordo para produzir vacina de Oxford nesta semana

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NATÁLIA CANCIAN – BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

O ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, disse nesta terça-feira (23) que o governo deve assinar um acordo ainda nesta semana para produzir no Brasil a vacina contra Covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela biofarmacêutica AstraZeneca.

A declaração ocorreu em audiência pública em comissão do Congresso com deputados e senadores.

“Estamos fechando com a Casa Civil a assinatura e o compromisso de participação do Brasil. Estamos em ligações paralelas com a universidade e a AstraZeneca bem adiantadas, envolvendo a Fiocruz e a BioManguinhos. A Casa Civil está analisando a assinatura para os próximos momentos, hoje ou amanhã, ainda nesta semana”, disse.

Segundo ele, o ministério já identificou 15 iniciativas promissoras de desenvolvimento de vacinas e, após análise, decidiu trabalhar com três delas. Além de Oxford, entram na lista uma americana e outra chinesa, relata.

“É o objetivo número um do SUS que a gente tenha acesso e entrada direto junto à estrutura de fabricação, para que a gente não perca o bonde e possamos ter a liberdade de fabricar vacina. Na América Latina, só o Brasil tem essa competência de fabricação com Biomanguinhos, e não podemos ficar de fora”, disse.

No início deste mês, o Brasil foi anunciado como um dos países escolhidos para testar a eficácia da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford contra a Covid-19; 2.000 pessoas devem participar dos testes, que se iniciaram no último fim de semana.

Em São Paulo, os testes serão conduzidos pela Unifesp. Outros participantes serão do Rio de Janeiro.

Na audiência, Pazuello disse ainda que a pasta vai apresentar nesta quarta (24) um modelo de testagem e diagnóstico de casos da Covid-19.

“A nossa estratégia é baseada em duas grandes frentes: testagem de RT-PCR e sorologia. Vamos partir para 12% da população com RT-PCR e 12% com sorologia”, afirmou o secretário de vigilância em saúde, Arnaldo Correia.
Em maio, a pasta anunciou que previa testar 22% da população.

A mudança ocorre em meio a atrasos na entrega dos 46 milhões de testes prometidos no país. Até agora, só 11,3 milhões foram disponibilizados. O ministro não informou o total que será ofertado e se haverá alteração no valor final.

Segundo Correia, o novo modelo visa acelerar a testagem feita nos laboratórios.

“Montamos duas plataformas, uma no Rio de Janeiro e outra em São Paulo, com capacidade de processamento”, disse, em referência ao centro de diagnóstico emergencial que já era previsto para ser implementado junto com a rede de laboratórios Dasa e que começou a operar na última semana.

O ministro também defendeu que o diagnóstico clínico seja usado para confirmação de casos. Nos últimos dias, a proposta já estava em análise no ministério.

“Essa orientação já está pronta e ela prevê que diagnóstico medico é soberano. Nossos médicos têm sim capacidade de diagnosticar esse paciente, dando a ele o protocolo que ele achar que deve fazer”, disse.

Essa foi a segunda vez que Pazuello participa de audiência no Congresso. No encontro, ele foi questionado por parlamentares sobre mudanças no formato de divulgação dos dados.

Nas últimas semanas, o ministério passou a atrasar a divulgação dos novos números diários e chegou a retirar, de seu site, dados do total de mortes e casos acumulados pela doença. A divulgação foi retomada após decisão do Supremo Tribunal Federal.

A pasta também lançou uma nova plataforma para divulgação dos dados, o SUS Analítico. Especialistas, no entanto, apontam que os dados disponibilizados são limitados e representam pouco avanço em relação ao painel anterior, além de dificultarem a análise ao não permitir o download da base de dados.

Segundo Pazuello, a previsão é que novos dados também com informações sobre a ocupação de leitos sejam colocados no painel até o fim desta semana. O portal também mudará de nome e passará a se chamar LocalizaSUS.

“Vamos disponibilizar todos os dados. A transparência vai ser infinita”, disse.

Ele rebateu críticas sobre uma possível interferência nos dados e afirmou que “não há como mexer nos números”.

“O que se propôs é, em vez de colocar todos os registros juntos, ter um outro modelo de gráfico para que o gestor possa acompanhar o resultado das ações naquele momento. Se ele não conseguir compreender o número, ele nao consegue ter gestão ideal”, disse, sobre a proposta de incluir gráfico com mortes por data de ocorrência.

“Não vamos deixar de apresentar a curva com variações do registro, mas vamos também apresentar a curva com a data do óbito.”

Redação JC: