Cerca de 200 famílias ligadas ao Movimento dos Sem Terra (MST) ocuparam no sábado, 4, uma área da Usina Martinópolis, no município de Serrana, na região de Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Foi a 20.ª vez nos últimos oito anos que o movimento ocupou a mesma fazenda, mas os sem-terra foram retirados no mesmo dia pela Polícia Militar. A liminar de reintegração de posse dada na última ocupação, no ano passado, ainda estava em vigor. Os invasores retornaram para o acampamento Alexandra Kollontai, na mesma região.
O advogado da usina, José Eduardo Barreiros, disse que o MST tenta ganhar a propriedade “no grito”. “Eles querem vencer pelo cansaço, mas a empresa vai defender seu patrimônio”, disse. Os 1,8 mil hectares são produtivos e estão plantados com cana-de-açúcar, segundo ele.
Em nota, o MST alegou que a usina acumula uma dívida milionária de impostos e que a Justiça já penhorou o imóvel, que deve ser adjudicado e destinado à reforma agrária. “Faremos um assentamento agroecológico no local, que está sobre a área de recarga do aquífero Guarani”, diz a nota.
Barreiros disse que apenas uma parcela de 520 hectares da fazenda foi penhorada no processo, mas há vários recursos e outras medidas judiciais pendentes de julgamento. “Os cálculos usados para definir os débitos fiscais foram impugnados e esperamos que o valor devido caia para 30% do que está sendo cobrado. No momento em que o valor líquido e certo for definido, a empresa vai fazer o pagamento. Não podemos pagar o que está sendo cobrado em valor três vezes maior.” A usina, que produzia açúcar e álcool, parou de funcionar há cinco anos, mas a cana produzida nas terras abastece outras usinas da região.