Ednéia Silva
O Café JC deste domingo (08), quando é comemorado o Dia Internacional da Mulher, faz uma homenagem às mulheres com jornada tripla que são donas de casa, profissionais e ainda encontram fôlego para dedicar parte do seu tempo em benefício do próximo. Os jornalistas Ednéia Silva e Lucas Calore entrevistaram Valéria Pasetto, presidente da Rede Rioclarense de Combate ao Câncer, e Lilian Roberta Minotti Jorge, assistente social do GACC (Grupo de Apoio à Criança com Câncer).
Jornal Cidade – Como conciliar a vida doméstica, profissional e social?
Lilian Jorge – Meu trabalho não é voluntário. Comecei no Abrigo da Velhice São Vicente de Paulo na área de telemarketing arrecadando recursos para a instituição e hoje estou no GACC. No início, com meus filhos pequenos, foi difícil administrar tudo, mas depois tudo foi se encaixando. Existe questionamento familiar, mas também uma enorme satisfação pessoal.
Valéria Pasetto – O trabalho voluntário é uma experiência aberta a todos. Ele traz crescimento e uma satisfação muito grande de ajudar o próximo praticando a solidariedade. Sou dona de casa, empresária e voluntária. O segredo de conciliar as três atividades é a organização.
JC – Como os voluntários contribuem com entidades?
Valéria – A Rede não tem funcionários remunerados. Todo o trabalho é realizado pela equipe de voluntários. É uma equipe de 100 pessoas que trabalha junto enquanto exerce outra atividade profissional. É uma grande responsabilidade. A rede tem 1.356 pessoas cadastradas, sendo que 850 estão em tratamento.
Lilian – O GACC conta com uma gama de profissionais que trabalham em prol das crianças. Tem uma senhora que vai servir o lanche toda terça-feira, desempregados que oferecem ajuda enquanto estão parados, pessoas que ajudam nos eventos, profissionais de saúde, educação e cultura. O voluntário é tão importante quanto o funcionário, talvez até mais porque trabalha sem remuneração e com a mesma responsabilidade.
JC – Tem mais voluntária que voluntário?
Lilian – Temos homens e mulheres no corpo de voluntários, mas acho que a mulher é mais forte emocionalmente e se expõe mais para fazer. No entanto, temos trabalho para homens também.
Valéria – A gente precisa gerar recursos por isso temos voluntários em diversos setores, homens e mulheres. Tem gente que trabalha no magazine, no brechó e no artesanato, tanto na loja quanto na produção. Tem ainda a cozinha que produz alimentos que são vendidos para a comunidade. A receita obtida é transformada em medicamentos, suplementos, fraldas e até mesmo cesta básica, quando necessário, para os associados.
JC – E a vida familiar? De que forma ele se encaixa nesse contexto?
Lilian – Meus filhos têm 4 e 5 anos. Teve um período em que não consegui colocá-los na mesma escola, então iam comigo para abrigo e o GACC. Esse convívio é importante para que eles compreendam como são privilegiados. Tento mostrar o quão valioso isso é. Meu marido é médico então de certa forma é voluntário. E a família entende a importância desse trabalho.
Valéria – Faz 20 anos que sou voluntária. Minhas filhas têm 22 e 19 anos e nasceram dentro do voluntariado. Acho que isso foi muito bom para elas. Hoje elas são muito solidárias e entendem a importância de fazer algo para o próximo. Acho que minhas filhas serão ótimas voluntárias.
JC – Qual o público atendido pelo GACC e pela Rede do Câncer?
Lilian – O GACC atende crianças e jovens de 0 a 24 anos que estejam em investigação ou diagnóstico de câncer e hematológico crônico. Nosso papel é encaminhar o assistido para os centros de tratamento. Isso é feito com transporte próprio e gratuito. O GACC também oferece apoio psicológico, medicação, fralda, suplemento alimentar, tudo aquilo que o médico solicita para dar subsistência ao tratamento.
Valéria – A rede atende crianças e adultos. Os associados chegam à entidade com o diagnóstico fechado e tratamento definido. Ele se cadastra e nossa equipe vai verificar as necessidades dele e da família. O nosso foco não é dar assistência, mas quando a família precisa fornecemos cestas básicas. O paciente é acompanhado durante anos durante o tratamento e o período de manutenção. Todos os medicamentos inerentes ao tratamento são fornecidos gratuitamente.
JC – De que forma a comunidade pode ajudar?
Lilian – Com doações em dinheiro, material de limpeza, alimentos, suplementos alimentares, leite em pó integral, fraldas comuns e geriátricas e participando dos eventos promovidos pela entidade. O GACC fica na Avenida P-17, número 253, Vila Paulista. A entidade funciona de segunda a sexta-feira, das 8 às 17 horas. O telefone é (19) 3534-5612.
Valéria – Aceitamos doações de leite em pó integral, Ensure, Sustagem, Nutren, doações em dinheiro, alimentos, roupas usadas em bom estado e comprando os produtos da cozinha, brechó e artesanato. A Rede de Combate ao Câncer fica na Rua 1, número 464, entre as Avenidas 13 e 15, Centro. O telefone é (19) 3533-1003.