Folhapress
A Federação Ucraniana de Automobilismo escreveu ao presidente da FIA (Federação Internacional de Automobilismo), Mohammed Ben Sulayem, pedindo que a entidade impeça pilotos e equipes que correm com licenças russas ou de Belarus de disputarem seus campeonatos.
Na Fórmula 1, isso atingiria Nikita Mazepin, que tem uma licença da federação russa. A situação do piloto da Haas já é complicada, uma vez que a equipe estuda a possibilidade de romper o acordo com a empresa de seu pai, a UralKali, principal patrocinadora da equipe. E o chefe da Haas, Guenther Steiner, afirmou que, caso Mazepin não corra, seu substituto imediato é o brasileiro Pietro Fittipaldi.
O pedido dos ucranianos veio depois que o próprio Sulayem escreveu à federação oferecendo “o apoio total da FIA” após a Ucrânia ser invadida pela Rússia, com o apoio da vizinha Belarus.
A F1 já cancelou o GP da Rússia, que estava marcado para o final de setembro. Há questões diplomáticas e humanitárias em jogo, e também econômicas, uma vez que a principal patrocinadora da corrida, a empresa de telefonia VTB, entrou já na primeira lista de empresas cujas operações foram bloqueadas pelo governo britânico. Embora a Fórmula 1 seja de propriedade de uma empresa norte-americana, a Liberty Media, sua operação é baseada no Reino Unido.
Em relação a Mazepin, também é esperado que seu pai, o bilionário e aliado de Vladmir Putin, Dmitry, dono da UralChem, tenha dificuldades de fazer negócios fora da Rússia. Tanto que a Haas, tão logo a invasão começou, já tratou de começar a se afastar da UralKali, retirando todas as referências ao patrocínio do carro no último dia de testes da pré-temporada da F1 em Barcelona. E Steiner disse que o próximo passo seria estudar o que poderia ser feito do ponto de vista legal.
Nikita Mazepin não deu entrevistas após o início da invasão, mas pareceu tratar do tema em publicação em rede social na semana passada. “Não tenho controle do muito do que está sendo escrito ou feito. Estou optando por focar no que posso controlar, ao trabalhar duro e fazer meu melhor.”
É claro que Mazepin, pessoalmente, nada tem a ver com as decisões de seu governo, mas sua vaga está diretamente atrelada ao patrocínio da UralKali. Portanto, se esse contrato for cancelado, mesmo que a FIA não atenda imediatamente ao pedido dos ucranianos de impedir que os russos compitam, Mazepin perderia sua vaga no grid da Fórmula 1.
Financeiramente, a Haas está em boa posição porque a UralKali já havia feito pagamentos relacionados à atual temporada, o que deixa o time em uma situação mais confortável para tomar essa decisão sem ter de fazer um leilão pela vaga às vésperas de a temporada começar, dia 20 de março.
Steiner já avisou que a primeira opção do time seria o piloto reserva e de testes Pietro Fittipaldi. “Se Nikita não puder correr, a primeira opção é Pietro, e depois vemos o que vamos fazer”, disse o italiano, dando a entender que essa pode não ser uma decisão definitiva para o restante da temporada.
Fittipaldi já correu pela Haas nos GPs de Sakhir e de Abu Dhabi de 2020, substituindo Romain Grosjean após o francês sofrer um acidente. Caso a decisão sobre Mazepin seja imediata, o brasileiro poderia voltar ao carro já para a segunda bateria dos testes de pré-temporada, entre os dias 10 e 12 de março, em Sakhir.