Sidney Navas
Alguns ‘torcem o nariz’ outros nem tanto. O fato é que comprar roupas ou objetos usados em bom estado de conservação pode ser uma boa ideia, principalmente em épocas de crise. Então esqueça o preconceito. As surpresas podem ser as melhores possíveis. Selma Zanellato, dona de um brechó aqui em Rio Claro, fala que o nome e esse tipo de atividade surgiram com um homem chamado pelo nome de Belchior, isso no século XIX, que era um comerciante antenado no Rio de Janeiro percebendo o espaço neste tipo de segmento. “Ele então começou a vender roupas e objetos de segunda mão e com o passar do tempo, todos os estabelecimentos que seguiam essa linha foram chamados de brechós. Mais de dois séculos depois encontramos os brechós em praticamente todas as cidades do Brasil e embora todos trabalhem com o mesmo conceito (a venda de peças que já foram usadas), cada um tem sua particularidade”,afirma.
Lá ela disponibiliza uma vasta opção de moda feminina, além de muitas peças novas ou outras em excelente estado e muitos calçados e acessórios. “No que diz respeito à sustentabilidade na moda, os brechós significam uma das soluções mais efetivas para a questão do pós-consumo. Eles representam a plataforma principal para distribuição de roupas que seriam descartadas prolongando, assim, a vida útil das peças”, completa a comerciante.
Coerente e sustentável
Esse tipo de comércio também proporciona o surgimento de uma nova economia baseada no descarte. “Não existe nada mais coerente e sustentável do que reaproveitar o que se tornaria lixo para gerar renda e diminuir o impacto negativo da indústria da moda no meio ambiente”, enfatiza. Suas afirmações fazem todo o sentido, se levarmos em consideração que para a fabricação de uma simples calça jeans se consomem em média mais de 10.000 litros de água. Como se vê não é apenas o seu bolso que agradece. O meio ambiente também sai ganhando com essa tendência e Selma garante que em tempos de economia criativa, sustentabilidade e inovação, os brechós fazem parte de um novo modelo de consumo cada vez mais em alta.
“É uma maneira de consumir roupas de forma mais atual, consciente, pois além de permitir preços mais acessíveis, reduz a quantidade de recursos já utilizados na produção e é uma relação onde todos ganham: comerciante, consumidor e a natureza”, argumenta a comerciante que, por sua vez, fala que os consumidores estão cada vez mais responsáveis abraçando a ideia de reaproveitamento. “É uma mudança que vem ocorrendo ano a ano, com a perda do preconceito, sobre peças de segunda mão. Acessórios como bolsas, sapatos e bijuterias são muito procurados nos brechós, e quando encontrandos em bom estado é venda garantida”, avalia Selma.