Em tempos de pandemia, os olhos da sociedade se voltam para um ofício que se torna cada vez mais essencial para humanidade: a Medicina. E para as pessoas que têm o sonho de ser tornar médicas e médicos, todo esforço de longos anos de estudo se torna válido. Quem acaba de iniciar essa jornada é a rio-clarense Bianca de Fátima Bertanha, de apenas 19 anos. Aprovada em três universidades públicas, Famema (Faculdade de Medicina de Marília), Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e USP Pinheiros (Universidade de São Paulo), será nesta última que a futura médica passará os próximos semestres até a formação.
Curso mais concorrido do País, a Medicina na USP lidera o ranking de concorrência com 154,6 candidatos por vaga. No ano passado foram 18.856 pessoas que se inscreveram para 122 vagas disponíveis. Uma delas é de Bianca, que tinha essa meta. “A escolha foi fácil: fiz a matrícula da USP e me tornei parte da melhor faculdade de Medicina da América Latina. Em suma, escolhi a USP por conta do seu complexo hospitalar, que é uma referência nacional e internacional, e devido às inúmeras oportunidades que só uma faculdade pública e do porte da USP pode conceder”, declara.
Ao JC, fala do engajamento que teve ao longo do ensino fundamental e médio até prestar o vestibular para o curso. Confira a seguir.
– Sempre gostei de me envolver nos projetos escolares e atribuo esse engajamento aos estímulos constantes que recebi durante minha vida, tanto da minha família, quanto da escola. Acho importante dizer que atividades como Olimpíadas Científicas, Fóruns, viagens a museus e a eventos artísticos e literários como a Bienal do Livro, todos por meio do Colégio Objetivo, foram importantes para despertar em mim a vontade de expandir meus conhecimentos, mas, sobretudo, de expandir minha visão de mundo. Eu diria que foi muito decisivo para minha formação o contato com faculdades públicas, que sempre abriram suas portas para os estudantes interessados em ciência e cultura. As viagens durante o ensino médio e fundamental para universidades como a USP foram o diferencial para que eu quisesse um futuro dentro dessas instituições tão grandiosas em todos os aspectos.
Fez cursinho on-line em 2020 ou ainda estava concluindo o ensino médio e já prestou e passou?
– Eu fiz um ano de cursinho durante a pandemia, mas já prestava vestibulares como treineira desde o primeiro ano do ensino médio. No terceiro ano, fiz vários vestibulares, mas não passei e, embora os resultados negativos sejam muito desanimadores, fazendo com que você se sinta triste e perdido, é importante usar as provas como parâmetro para montar um plano de estudos que supra suas deficiências.
Foi uma surpresa tantos resultados positivos? Como foi a festa na sua casa? E os seus familiares?
– Fiquei extremamente feliz. Minha família, amigos e professores dividiram essa felicidade e esse momento especial comigo. Devido à pandemia, não houve nenhuma comemoração que reunisse minha família e amigos. Mesmo assim, o sentimento predominante foi o de alegria e satisfação. De fato, eu não esperava tantos resultados positivos.
De onde veio a inspiração para escolher Medicina? Tem parentes ou amigos médicos? Ou vai ser a primeira médica na família? A pandemia influenciou na sua decisão?
– Escolhi a medicina, pois a considero uma profissão muito diversa e que sempre traz um novo desafio. A possibilidade de transitar entre a pesquisa e o atendimento médico, além das infinitas áreas de atuação, são aspectos que me fascinam. Minha decisão foi tomada bem antes da pandemia, mas, de certa forma, a importância do setor de saúde e de todos os seus profissionais tal qual a possibilidade tangível que eles possuem de ajudar diretamente muitas pessoas fez com que minha vontade de ser médica se tornasse mais forte. Gostaria de agradecer a todos os profissionais de saúde e dizer que muitos vestibulandos se inspiram em vocês quando escolhem seguir uma profissão ligada à saúde. Na minha família, por parte paterna, posso me inspirar nos meus tios e, pela parte materna, sinto muito orgulho em um dia ser essa figura para meus primos e primas.
A quais fatores você atribui o sucesso nos vestibulares no curso mais concorrido?
Aos meus pais e à minha família, pois eles me apoiaram emocionalmente e sempre me proporcionaram o acesso a uma educação de qualidade, a materiais de estudo e aos próprios vestibulares e a coisa mais importante para o estudante: tempo. Então, esses resultados refletem mais do que meu mero esforço, refletem uma rede de ajuda e apoio, a qual faz toda a diferença.