40 ANOS SEM ELIS
Por Jaime Leitão
A passagem do tempo sempre nos surpreende. Um cientista italiano renomado, Carlo Rovelli, vem afirmando em palestras e em livros que o tempo não existe.
Pode não existir na escala quântica, mas na dimensão em que estamos, o tempo existe.
Uma prova da sua existência está na constatação que fazemos quando a morte de um ídolo que admiramos enquanto estava vivo completa quarenta anos.
Elis Regina, que eu considero a maior cantora brasileira de todos os tempos, nos deixou há quarenta anos, no auge da carreira, quando ela tinha 36.
Cada vez que a ouço interpretando Como nossos Pais, O Bêbado e a Equilibrista, Madalena, Águas de Março, em dueto com Tom Jobim, Fascinação, sinto uma emoção indescritível. Elis Regina é força, energia e explosão que a morte não apaga.
Reconhecida não só aqui, mas nos Estados Unidos e países da Europa, foi comparada por críticos de música de vários países a nomes como Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Billie Holiday e Edith Piaf.
Outra cantora brasileira de primeira linha , que foi a maior estrela da Bossa Nova, se fosse viva, estaria completando 80 anos. Morreu também nova, aos 47 anos.
As novas gerações não conhecem essas duas extraordinárias intérpretes, mas ouvi de alguns alunos e algumas alunas que aprenderam a admirar ambas, apresentadas a eles por seus pais.
Tempo. O que é o tempo? Esse senhor estranho, que mais nos desorienta do que nos orienta.