Ednéia Silva
Profissão: professor. Foi-se o tempo em que ser professor era sinônimo de prestígio na sociedade. O mestre tinha igualdade de tratamento com um juiz de Direito e a remuneração não era muito diferente. Hoje a situação mudou. A desvalorização da profissão é tamanha, que existe um enorme déficit de profissionais que o Brasil não consegue equacionar. Nesta quinta-feira, dia 15 de outubro, é comemorado o Dia do Professor. Mas esse profissional tem o que comemorar?
Se a questão for referente ao salário pago aos docentes, a resposta é negativa. Dados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) mostram que os salários dos professores brasileiros são extremamente baixos quando comparados a países desenvolvidos. O levantamento foi feito com base no estudo Education at a Glance 2014, que compara dados sobre a educação em 44 países, incluindo o Brasil.
O país que melhor remunera o professor é Luxemburgo, pequeno Estado soberano situado na Europa Ocidental. Lá, um professor em início de carreira que dá aula no ensino fundamental em escolas públicas recebe, em média, US$ 66.085 por ano ou US$ 5.507,08 por mês. No Brasil, esse mesmo profissional tem salário de US$ 10.375 por ano ou US$ 864,58 por mês, valor seis vezes menor que o salário pago em Luxemburgo.
Dentre 37 países, o país ocupa a penúltima posição no ranking das remunerações, ficando à frente apenas da Indonésia, que paga US$ 1.560 por ano ou US$ 130 por mês ao professor. A média salarial do professor calculada pela OCDE é de US$ 29.411 por ano, quase três vezes mais que o salário pago no Brasil.
Os países que melhor pagam os docentes são Luxemburgo (US$ 66.085/ano), Alemanha (50.007), Suíça (48.904), Dinamarca (44.131), Austrália (37.221), Canadá (37.145), Holanda (37.104), Estados Unidos (36.333), Espanha (36.268) e Noruega (34.484). E não são apenas os países ricos que pagam mais que o Brasil. Chile e México podem não ser grandes potências econômicas, mas lá os professores ganham melhor que no Brasil: US$ 17.770 e US$ 15.556 por ano, respectivamente.
O diretor da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo), Ademar de Assis Camelo, confirma a péssima remuneração do professor. Segundo ele, quando começou no magistério na década de 1970, o docente ganhava o triplo de um metalúrgico, que na época tinha salário de 5.000 cruzeiros em jornada única de trabalho. Hoje ganha bem menos e quase sempre precisa trabalhar mais de um período para aumentar a renda.
Segundo ele, desde essa época, o salário do professor vem caindo e ele nunca mais conseguiu recuperar o poder de compra. A jornada aumentou e a remuneração diminuiu, assim como a valorização do professor.