Sidney Navas
Até o fechamento da edição impressa desta quarta-feira (3) do JC, a Polícia Civil ainda tentava descobrir o paradeiro de onze idosos removidos do interior de uma clínica que funcionaria de forma clandestina na região da Mata Negra, no Distrito de Ajapi, na zona rural de Rio Claro.
Tudo começou na noite de segunda-feira (1º), quando guardas civis receberam uma denúncia anônima dando conta de maus-tratos contra idosos. Chegando lá, os agentes encontraram os pacientes (entre homens e mulheres), que conforme a versão das autoridades estavam internados em precárias condições de higiene e alimentação.
Um deles, com 78 anos de idade, bastante debilitado e ferido, foi socorrido e levado à unidade de Pronto-Atendimento (PA) do Cervezão pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Entretanto, segundo as informações prestadas por Agnaldo Pedro da Silva, coordenador da Vigilância Sanitária, que acompanhou a ocorrência de perto, a enfermeira de 48 anos, apontada como a sendo a responsável pela direção da suposta clínica, foi até o PA, onde se apresentou como cuidadora e responsável pela vítima, e a levou embora.
Ainda na terça, no período da manhã, a Guarda Civil, ao lado de representantes da Vigilância Sanitária, do Conselho Municipal do Idoso e do Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social), retornou ao local, onde localizou mais um idoso perambulando pela mata e com a saúde fragilizada. Ele então foi socorrido e se encontra sob cuidados especiais na Casa Transitória.
Conforme as mesmas informações, no final da tarde de terça-feira, a mulher acusada pelo crime procurou o coordenador da Vigilância Sanitária querendo saber como estava o idoso, mas por outro lado não deu nenhuma pista de onde os demais poderiam estar.
Agnaldo Silva ressalta que, quando chegou ao prédio, não havia mais ninguém. “Todos os idosos foram levados para outro lugar, que ainda não sabemos ao certo onde fica. Pelo cenário que encontramos, é quase certo afirmar que não há nenhuma autorização de funcionamento e a clínica acabou sendo interditada”, argumenta o coordenador da Vigilância Sanitária.
O presidente do Conselho Municipal do Idoso, Antônio Carlos Riani Costa, comenta que o caso já foi levado ao conhecimento do Ministério Público, para que sejam tomadas as providências cabíveis. “Queremos saber como essas pessoas eram tratadas. A responsável também tem que informar para onde foram levados os demais pacientes e se defender das acusações de maus-tratos”, enfatiza.
O delegado do 1º Distrito Policial, Carlos Alberto Schio Filho, observa que a mulher já entrou em contato com a polícia, alegando que na verdade ‘tudo não passa de um mal-entendido’ e que está à disposição para prestar os esclarecimentos necessários.
“Ela já foi identificada e indiciada, mas me adiantou que têm outras casas como essa encontrada no município em outras localidades. Extraoficialmente a mulher assegura que não teria cometido nenhum crime e estaria agindo dentro da legalidade”, acrescenta o delegado. O devido inquérito policial já foi instaurado e as investigações prosseguem para apurar possíveis responsabilidades.