Preservação da água também depende da população

Trecho que passa pelo Rio Corumbataí, em Rio Claro, é tomado por despejo irregular de lixo. Local também sofre queimada

A crise hídrica em Rio Claro alerta para a necessidade da preservação dos mananciais que ofertam água que abastece a população. Atualmente 40% dos bairros da cidade estão afetados pelo rodízio de abastecimento, mas uma situação recorrente de anos coloca em risco a preservação do Rio Corumbataí. É o criminoso despejo de lixo e demais entulhos às margens do rio, na região rural do município.

Além de resíduos domiciliares e industriais que são jogados nas estradas rurais próximas ao leito do Corumbataí, munícipes também ateiam fogo no lixo, o que contribui com a degradação da vegetação e matas ciliares, comprometendo diretamente a manutenção da preservação da água.

Nesta semana, uma moradora de sítio na zona rural de Rio Claro procurou a reportagem do Jornal Cidade para mostrar a situação em dois trechos distintos. O primeiro é pela estrada de terra que passa em frente ao Aterro Sanitário e leva às propriedades rurais no sentido a Ipeúna. O segundo é pelo acesso da Avenida 9, no Residencial Jardim Paulista, à estrada de terra que também passa pelo Rio Corumbataí.

Em ambos os locais, o mesmo problema: a enorme quantidade de lixo despejado irregularmente. “Precisa tomar uma atitude sobre isso, porque é na beira do rio. É um absurdo, não sei o que fazer, já foi cercado, já teve placa de não jogar lixo, jogaram fogo na placa, tiraram o alambrado”, relata a moradora que terá a identidade preservada por segurança.

Ela sugere que a Prefeitura coloque caçambas de lixo nos dois trechos para, ao menos, tentar amenizar a situação e estimulando a se jogar os resíduos nas estruturas. “É gente que sai da cidade, passa por onde tem ecoponto, porque nos dois lugares tem ecopontos que ficam no caminho e vai jogar na beira do rio. Ninguém toma atitude nenhuma”, lamenta.

Poder público

A reportagem do JC consultou a Prefeitura, em tempos de crise hídrica e rodízio de água, sobre quais ações estão sendo realizadas para manter limpas as margens do Rio Corumbataí, promovendo preservação e colaborando para que o rio não seja destruído. Em nota, informou que realiza constantemente limpezas para a retirada do material depositado irregularmente nesses locais.

“A fiscalização dessas áreas é feita com rondas da Polícia Ambiental, da Guarda Civil Municipal e dos setores de fiscalização do município. Além disso, os munícipes podem registrar denúncias no Sistema E-Ouve e no 153. As denúncias devem conter informações que possam identificar o infrator”, afirma.

O município conta com a Lei Municipal 4675/2014, que trata da aplicação de multas por descarte inadequado de resíduos em Rio Claro. A Prefeitura ressalta, porém, que o principal desafio para punir quem joga lixo em lugar errado é a identificação do infrator.

“A Prefeitura de Rio Claro realiza constantemente trabalhos de educação ambiental nas escolas, comunidades e grupos sociais para orientar sobre o correto descarte dos resíduos. Os serviços de coleta (coleta de resíduos domésticos, cata bagulho, coleta seletiva e ecopontos) são divulgados constantemente nas redes sociais e veículos da imprensa. Importante ressaltar que não há motivos para descartar lixo em local inapropriado, pois o município de Rio Claro dispõe de ecopontos em toda as regiões, coleta domiciliar, coleta seletiva e cata-bagulho”, conclui.

Prefeitura diz que fez a limpeza dos locais nesta semana

Proteção

Em março deste ano, em ação de recuperação, preservação e proteção de áreas de nascentes, córregos e mananciais, o Daae de Rio Claro assinou convênio com a cidade de Corumbataí para plantio de mudas em Áreas de Preservação Permanente (APPs) em torno do rio Corumbataí em área que abrange os dois municípios.

O Daae de Rio Claro ficará encarregado de fornecer as mudas necessárias, além do suporte técnico, enquanto que a Prefeitura de Corumbataí deverá divulgar o Termo de Cooperação aos proprietários rurais para fomentar o plantio e providenciar a autorização de acesso nessas áreas, além de vistorias dos plantios. A preparação dos locais, limpeza, coroamento, coveamento, adubação, plantio, manutenção pós-plantio e cercamento da área, quando necessário, serão de responsabilidade dos proprietários.

Lucas Calore: