SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governador João Doria (PSDB) disse que as próximas duas semanas serão as mais duras e graves para todos os estados brasileiros desde o início da pandemia. Ele não descartou a possibilidade de decretar lockdown em São Paulo.
Os números de mortes e internações em São Paulo indicam que o estado passa pelo pior momento da pandemia de Covid-19. Outros estados também vivem pico de mortes pelo vírus.
“Teremos as duas semanas mais duras e graves da pandemia desde 26 de fevereiro do ano passado. Serão as semanas mais trágicas e mais difíceis para todos os estados brasileiros”, disse o governador em entrevista ao canal do YouTube My News, na noite desta segunda (1º).
Questionado sobre a possibilidade de adotar lockdown no estado, Doria disse que o Centro de Contingência de São Paulo está analisando as ações e que seguirá a decisão da maioria dos especialistas.
“Os próximos dias serão cruciais para entender quais medidas precisamos. Se eles entenderem que é necessário ter medidas mais restritivas, eu não tenho nenhum temor de fazer isso”, disse o governador.
Ele ainda afirmou que a piora da pandemia nas últimas semanas é um reflexo das aglomerações que ocorreram durante o Carnaval, ainda que o feriado tenha sido suspenso no estado. “Os dois grandes impulsos da pandemia ocorreram depois das festas de Ano-Novo e Carnaval, que disseminaram o vírus de maneira muito mais rápida.”
A maioria das regiões do estado estão nas fases laranja e vermelha, as duas mais restritivas do Plano São Paulo. Apenas Araçatuba, Baixada Santista e Piracicaba estão na fase amarela.
Apesar do alerta de que a situação deve se agravar nos próximos dias, o governo Doria tem evitado adotar medidas mais duras.
O governador optou por colocar o estado em uma medida chamada toque de restrição das 23h às 5h. A regra passou a valer na sexta (26) e segue até 14 de março. Na prática, a medida tenta coibir, com fiscalização, aglomerações de grande porte.
Na terça (23), o Centro de Contingência discutiu a possibilidade de um lockdown estendido pelo estado, inclusive durante o dia, o que foi rejeitado pela maioria na ocasião.
Apesar da resistência a medidas mais restritivas, Doria disse que poderá adotá-las. “Teremos uma nova reunião do Centro de Contingência amanhã [terça, 2] e seguiremos a orientação que determinarem. Não há pressão política, econômica, institucional ou de vizinhos que nos impeça.”
São Paulo está desde a semana passada com recorde de internação em UTI pela doença. O número de internações da última semana foi 14,7% maior do que na semana mais grave da pandemia em 2020, em julho.
Com a piora, o governo sinalizou que deve reativar hospitais de campanha, com foco em leitos de UTI que serão instalados em unidades de saúde já existentes. O anúncio oficial deve ser feito nesta quarta (3).