De março de 2020 até o momento foi um longo período distante das salas de aula para os alunos da rede municipal de ensino de Rio Claro devido à pandemia.
Na última segunda-feira (7), após muita expectativa, aconteceu o retorno às aulas presenciais, sem restrições no número de estudantes nas salas em 64 escolas. Porém bastou o primeiro dia de aula para os pais que têm filhos em diferentes escolas notarem uma realidade que eles não esperavam: as condições das instituições de ensino em relação à manutenção e ao serviço oferecido.
Mato alto, goteiras, salas interditadas, falta de monitoras e até de alimentos foram citados por pessoas que procuraram a reportagem do Jornal Cidade. Já outros foram às redes sociais para expor as situações e cobrar providências por parte da administração municipal.
A realidade inclusive foi assunto e alvo de críticas na primeira sessão ordinária deste ano na Câmara Municipal de Rio Claro como retratado na edição de terça-feira (8) do JC pelo jornalista e editor de política Lucas Calore.
Entre os parlamentares que citaram o descaso e a falta de planejamento estão Alessandro Almeida (Podemos), Carol Gomes (Cidadania), Rafael Andreeta (sem partido), Sivaldo Faísca (DEM) e Moisés Marques (PP).
Diante dos fatos, o Jornal Cidade deu voz a esses pais que buscam soluções para a educação dos filhos. Depoimentos foram reproduzidos (veja lado esquerdo e direito desta página). Entre aqueles que se frustraram, até mesmo um docente de uma das escolas descritas nesta reportagem.
“Estou realmente indignada com o despreparado da administração pública neste retorno às aulas. Foram dois anos com os alunos em casa e será que não houve tempo para manutenção? Onde está a estrutura? O mínimo é limpeza. A escola está com mais de 30 gatos que tomaram conta e a areia do parquinho cheia de fezes. Aliás o parquinho está interditado. Do lado de fora da escola passaram uma tinta, porém a maquiagem ficou por aí, porque do lado de dentro que é o mais importante está uma vergonha. Na cozinha a única geladeira estava desligada porque está quebrada. Não tem hortifrúti nem temperos e isso eu vi pessoalmente. O telhado da sala 11 quebrado que você enxerga o céu. Lamentável tal descaso”
Geane Martins de Almeida (mãe que tem a filha de 7 anos matriculada na Escola Municipal ‘Prof. Antonio Sebastião da Silva’ – Cervezão)
“A hora que abriu o portão eu me assustei com o que eu vi. Mato com mais de um metro de altura. E não me venham culpar a chuva. O perigo de um animal peçonhento é evidente. A quadra está abandonada. Ontem serviram um leite com bolacha apenas”
Bruna Luiza de Souza (mãe que tem uma filha de 5 anos matriculada na EMEF Profª Diva Marques Gouvea – Consolação)
“Por enquanto meu filho vai ficar dois dias por semana na escola no horário das 7 às 9 horas. Informaram que talvez no dia 21 de fevereiro consigam atender no horário integral porque atualmente estão com apenas seis monitoras para aproximadamente 140 alunos. E isso não sou eu que estou inventando, isso nos foi passado pela coordenação da escola. O mato está grande e existem poucos funcionários na cozinha e na limpeza. Para vocês terem uma ideia encontrei um sapo no banheiro ao levar meu filho. Uma das salas do berçário está interditada desde o ano passado e por isso juntaram duas turmas do berçário em uma sala só. Fora a rua em frente que não é asfaltada e está puro barro. Uma vergonha, uma decepção e um desespero para uma mãe que precisa do local, mas observa que não é o melhor e nem mais adequado. Tanto tempo para se estruturar e quando volta é nestas condições”
Sabrina Massi (mãe que tem um filho de 3 anos na Escola Municipal Caminho da Vida – Margarida Penteado – Novo Wenzel
“Eu gostaria de dizer que é muito frustrante encontrar o seu ambiente de trabalho nessas condições. Mas pior que isso é saber que é esta a escola que os alunos estão encontrando depois de tanta expectativa para retornar às aulas. A questão do mato é só um dos problemas. Goteiras por todo o prédio e em muitas salas, falta de ventiladores, problemas elétricos… Tudo isso depois da reforma que a administração faz tanta propaganda”
Docente de escola que preferiu manter o anonimato
O que diz a prefeitura?
A reportagem procurou a administração municipal enviando todos os questionamentos e reclamações descritos pelos pais. Em nota, foi informada que a Secretaria de Educação vai encaminhar as explicações hoje. Assim que uma resposta for dada, o Jornal Cidade irá divulgar aos leitores.