Lucas Calore
O clima na França é de apreensão entre a população. O ataque ocorrido na noite de quinta-feira (14) na cidade de Nice, ao sul do país, deixou 84 pessoas mortas. Mais de 200 pessoas ficaram feridas e, ao menos, outras 50 estão “entre a vida e a morte”, de acordo com declaração do presidente francês, François Hollande, para a imprensa nessa sexta-feira (15).
Mohamed Lahouaiej Bouhlel, um tunisiano de 31 anos, foi morto e é apontado como o motorista do caminhão que atropelou vítimas por dois quilômetros na avenida à beira-mar Promenade des Anglais.
“É toda a França que está sob a ameaça do terrorismo islâmico. Então, nessas circunstâncias, nós devemos fazer a demonstração de uma vigilância absoluta e de uma determinação contínua”, disse o chefe de Estado francês.
Uma menina de seis anos, filha de uma brasileira, morreu no atentado. A família de Elizabeth Cristina de Assis Ribeiro, mãe da criança, ainda não sabe o paradeiro da mulher.
Estado Islâmico
Na manhã deste sábado (16), a Agência Amaq, ligada ao Estado Islâmico, divulgou que o grupo terrorista reivindicou o ataque. “O autor da operação é um soldado do Estado Islâmico. Executou a operação em resposta aos chamados para atacar cidadãos dos países da coalizão internacional que lutam contra o EI no Iraque e na Síria”, afirmou a Amaq.
Apreensão
O jornalista rio-clarense Daniel Marcolino, de 27 anos, reside na França desde 2013. Há duas semanas ele esteve em Nice, onde viaja com frequência para visitar amigos. Segundo ele, o local é muito frequentado por turistas do mundo todo.
Daniel mora em Toulouse, a uma hora de avião de Nice. O jovem se diz chocado com o ataque. “Esse é o tipo de tragédia que não deveria acontecer nem aqui, nem em lugar algum”, publicou em uma rede social. Ele comenta que luto de três dias foi decretado para todo país e a população de Nice foi alertada a ficar em casa.
O jornalista diz que grande parte dos franceses que conhece está cada vez mais intolerante ao islamismo. “Não há muito diálogo entre as diferentes culturas e origens. O medo e a xenofobia parecem crescer”, afirma.
Atentados
Desde janeiro de 2015 que a França tem sido alvo frequente. Naquele mês, jornalistas do jornal Charlie Hebdo foram mortos. Em novembro, o pior ataque da história do país resultou na morte de 130 pessoas e mais de 350 feridos, principalmente em Paris.