Lourenço Favari
Programada para este final de semana, a Virada Cultural Paulista de Piracicaba vai reunir diversos artistas e promete ser um grande evento na região. Entre as atrações musicais confirmadas estão Emicida, Zeca Baleiro, Móveis Coloniais de Acaju e A Banda Mais Bonita da Cidade.
A Virada Cultural, que é realizada em 24 cidades do interior de São Paulo simultaneamente, gera discussões entre os munícipes de Rio Claro, visto que mais uma vez não aderiu ao projeto e ficou de fora da programação.
A reportagem do Jornal Cidade ouviu algumas pessoas ligadas à cultura local que divergiram sobre o tema. Enquanto alguns acreditam que a realização do evento seria importante para o município, outros pontuam que oferecer programação cultural ao longo do ano é melhor para a comunidade.
ESTÍMULO
Para o diretor de TV, Eber Novo, o município deveria realizar o evento para o munícipe se habituar às atividades culturais. “Se aderisse [ao projeto], seria melhor para receber mais diversidade cultural e também para incentivar o público a participar, porque rio-clarense não costuma aderir às atividades locais. Isso seria um estímulo”, destaca.
ECONOMIA
Em um momento em que a economia do País passa por um período complicado, o professor Vitor Rodrigo Picelli Laubstein acredita que o evento seria positivo para movimentar a economia local. “Traz para a cidade tanto uma oportunidade de entretenimento para a população como também uma boa circulação de dinheiro. Esquenta a cultura e o comércio local”, argumenta.
POLÍTICA CULTURAL
Por outro lado, o agitador Binho Riani Perinotto encara a Virada Cultural como uma “marca e um fetiche para algumas cidades e seus munícipes”. “Antes de defender ou não a Virada em si, prefiro defender ‘Políticas Culturais’ do que ‘Políticas Eventuais’. Não acho positivo pensar em curtas programações de eventos sem pensar as semanas, os meses, o ano, ou os anos. Sem pensar nas continuidades, em ações permanentes”, analisa ao lembrar que, para aderir ao projeto, o município teria que entrar com uma grande contrapartida financeira.
PONTUAL
Defensor de uma política cultural duradoura está Luiz Curinga. De acordo com ele, uma ação pontual não transforma a sociedade. “Acho que a Virada Cultural é uma ação pontual e que não transforma a sociedade, um simples evento de que o Estado banca a atração e o município que a recebe arca com toda a estrutura. E daí? O que agregou para a sociedade? Nada, apenas movimentou por 24h, gastou-se um recurso que poderia ser utilizado pelo ano todo e não formou ninguém”, acrescenta.
OFICIAL
Questionada sobre o assunto, a assessoria da Prefeitura de Rio Claro esclareceu em nota enviada na terça-feira (19) que prioriza para o ano de 2015 o acesso às atividades culturais realizadas ao longo do ano. “A Secretaria Municipal de Cultural está priorizando o acesso às atividades culturais com a realização de eventos distribuídos ao longo do ano, ao invés de concentrados em um período curto de 24 ou 48 horas. Atividades no Centro Cultural, no Centro de Artes e Esportes Unificado, Jardim Público, Praça Dalva e outros são exemplos. Esse trabalho da prefeitura está sendo feito com o apoio do Conselho Municipal de Políticas Culturais e com as entidades afins”, explicou já descartando a realização da Virada Municipal, conforme aconteceu nos anos anteriores.
SEM VIRADA
Já sobre a participação do município na Virada Cultural Paulista, a assessoria frisou: “A Secretaria Municipal de Cultura entende que os investimentos necessários em contrapartida para sua realização em Rio Claro representam valores que são mais bem investidos em atividades ao longo do ano, dentro do calendário de eventos culturais do município”.
A assessoria observou ainda que, além dos recursos destinados ao dia a dia dos setores e atividades da Secretaria da Cultura, o orçamento municipal deste ano prevê investimentos superiores a R$ 800 mil em subvenções para entidades culturais.
COMO FUNCIONA
Para a realização da Virada Cultural Paulista, enquanto o Estado arca com os custos de contratações e da programação principal, as administrações municipais ficam responsáveis pela montagem da infraestrutura de palco, som e luz, além da limpeza e segurança nas áreas da atividade. “Além disso, o Estado estimula os municípios a montar programações paralelas, com artistas da cidade, de forma a dar visibilidade à produção artística local”, informa em nota a assessoria de imprensa da Secretaria de Cultura Estadual.
PARTICIPAÇÃO
A nona edição da Virada Cultural Paulista acontece em 24 municípios. No primeiro fim de semana, 23 e 24 de maio, participam os municípios de Bauru, Botucatu, Franca, Indaiatuba, Limeira, Marília, Piracicaba, São João da Boa Vista, São José do Rio Preto, São José dos Campos e Sorocaba. Já nos dias 30 e 31 de maio, a Virada acontece nas cidades de Assis, Araçatuba, Araraquara, Campinas, Caraguatatuba, Ilha Solteira, Mogi das Cruzes, Presidente Prudente, Registro, Ribeirão Preto, Santa Bárbara D’Oeste e Santos.