Ednéia Silva
Dezessete anos após ter sido extinto, o serviço de alto-falante poderá ser recriado em Santa Gertrudes. O projeto está nos planos da prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Cultura. A reativação do serviço atende reivindicação da comunidade que sente saudades do alto-falante que foi o importante meio de comunicação do município durante meio século.
O anúncio foi feito pela secretária municipal de Cultura, Letícia Tonon, em entrevista ao programa Jornal da Manhã da Rádio Excelsior Jovem Pan na quinta-feira (12). De acordo com ela, o projeto é um sonho da secretaria e um anseio da população de Santa Gertrudes. O serviço funcionou por 50 anos, de 1948 a 1998. Com a chegada dos novos meios de comunicação, o alto-falante caiu no esquecimento e deixou de ser utilizado.
A secretária explica que a ligação de Santa Gertrudes com o alto-falante é muito forte. O serviço nasceu junto com a cidade, visto que foi criado para incentivar os cidadãos a votarem ‘sim’ no plebiscito de emancipação do município. Foi o único da região a ter essa longevidade. Letícia informa que a ideia é revitalizar o serviço de forma contemporânea. Haverá espaço para modas de viola, mas, também, para DJ’s e músicas modernas.
Um dos pontos altos do alto-falante era a hora do falecimento. Por meio do áudio todos ficavam sabendo simultaneamente quem tinha falecido na cidade. Essa é a parte mais lembrada pela população. A parte musical, também, era muito forte. Artistas eram convidados para tocar e cantar ao vivo e, também, para conceder entrevistas. Grandes nomes se apresentaram dessa forma como Sérgio Reis e a dupla sertaneja Chitãozinho e Xororó. Ídolos do futebol como Rivelino, também, marcaram presença.
Essas e outras histórias foram narradas no documentário “Voz”, lançado em 2014, que dedicou um capítulo ao alto-falante. Antes disso, o serviço foi abordado no documentário “O Bilhete”, curta-metragem de 1996 que ganhou repercussão nacional e vários prêmios, como o de melhor fotografia no Festival Internacional de Cinema de Itu.
Em 5 de agosto do ano passado, a Prefeitura de Santa Gertrudes inaugurou o Museu Falante para exposição do acervo do Serviço de Alto-Falante. São documentos, áudios, vitrolas, fotos, cornetas (antigos projetores de som), objetos e parte dos discos (de vinil, de alumínio e de geleia), que estão disponíveis para visitações públicas no Centro Cultural “Isidoro Demarchi”, que fica na Rua 1, número 790, Centro.