O tsunami da noite de sábado pode ter sido provocado por um aumento repentino da maré após a erupção do vulcão Anak Krakatoa (“Filho de Krakatoa”, em indonésio), que forma uma pequena ilha no Estreito de Sunda. Ao menos 900 pessoas ficaram feridas e 28 estão desaparecidas.
Ouystein Lund Andersen, um fotógrafo norueguês que estava de férias com a família na praia de Anyer e testemunhou o ocorrido, escreveu no Facebook que viu a onda chegando. “Entrou na área do hotel onde estou e jogou carros na estrada. Consegui levar minha família para um local mais alto através de trilhas de floresta e vilarejos, onde fomos socorridos por moradores. Felizmente, nenhum de nós ficou ferido”, escreveu.
O Ministério de Relações Exteriores do Brasil informou ontem que não havia recebido notícias sobre vítimas brasileiras.
O tsunami destruiu ou danificou ao menos 556 casas, 9 hotéis, 60 pequenos comércios e 350 barcos, afirmou Sutopo Purwo Nugroho, porta-voz da agência que lida com desastres. O Estreito de Sunda separa as ilhas populosas de Java e de Sumatra.
Ondas que chegaram a cinco metros de altura sacudiram áreas residenciais e vários destinos turísticos ao longo das áreas costeiras do Estreito, incluindo Pangdeglang, Tanjung Lesung e Teluk Lada dan Carita. Imagens no Twitter mostram carros arrastados e ruas alagadas. A central de vulcanologia e geologia da Indonésia informou ter ocorrido uma erupção do Anak Krakatoa na noite de sábado.
Igan Sutawijaya, especialista em vulcões e desastres geológicos, disse que a onda pode não estar diretamente ligada à erupção, mas foi uma consequência dela. “Suspeito que tenha havido um deslocamento de terra submarino, ou talvez uma rachadura”, disse ao Washington Post.
Segundo Nugroho, justamente por isso as autoridades não conseguiram alertar sobre o tsunami. “Não temos um sistema de alerta que seja ativado por movimentações embaixo d’água ou erupções vulcânicas”, explicou, acrescentando que agora as autoridades do país precisam pensar em como desenvolver tal ferramenta.
Um vídeo mostra o tsunami avançando sobre um show da banda indonésia Seventeen. O palco oscilou para a frente, jogando músicos e instrumentos sobre a plateia em pânico.
A região mais afetada pelo tsunami foi Pangdelang, em Java, onde fica a praia de Tanjung Lesung. O local é muito visitado pelos moradores da capital Jacarta. Vídeos e imagens mostram carros virados, casas devastadas e muita destruição.
Outro vídeo divulgado nas redes sociais mostra um policial resgatando um menino de cinco anos de uma residência danificada. Estradas da região foram bloqueadas pelas árvores caídas e destroços de casas.
Em Carita, um popular destino turístico da costa oeste de Java, Muhamad Bintang, de 15 anos, lembra que viu a onda chegar. “Chegamos para as férias e logo a água chegou. Tudo ficou escuro Não havia energia.”
Na Província de Lampung, do outro lado do Estreito, Lutfi Al Rasyid, de 23 anos, contou como fugiu da praia de Kalianda. “Não consegui ligar a moto, então saí correndo. Rezei e corri o mais rápido que consegui.”
O presidente indonésio enviou condolências às famílias dos mortos. O Anak Krakatoa continua ativo e a região deve ser evitada. COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS